Reza a lenda que a IDW Publishing tinha procurado o Hill para publicar uma versão em quadrinhos da coletânea de contos Fantasmas do Século XX, mas então o autor ofereceu o título até então inédito, e a editora acabou publicando. O que pessoalmente acho muito inteligente da parte da IDW, porque Fantasmas do Século XX é só “meh”, mas Locke & Key é muito legal – das coisas escritas pelo Hill que eu já li, fica só atrás de A estrada da noite.
Resumindo brevemente a história, Locke & Key narra a vida dos irmãos Locke depois que o pai é assassinado e eles precisam morar em uma mansão em uma cidadezinha do interior. Ok, nada que já não tenha sido contado em todo tipo de mídia, mas calma. O negócio é que, chegando na mansão, eles descobrem que lá estão escondidas várias chaves ahn, digamos assim, “mágicas”. Cada uma dá um poder diferente para quem achar a porta certa: o de virar um fantasma, o de virar um pássaro, um gigante, de conseguir arrumar qualquer objeto quebrado, o de ver tudo o que você tem dentro da sua cabeça… etc.
Dito isso acho que fica claro que o tom é mais de fantasia do que de terror, certo? A questão é que a dinâmica da história não é apenas a dos irmãos Locke procurando as chaves e descobrindo o que elas podem fazer. Há, evidentemente, um antagonista. Mais precisamente, um demônio – e é ele que traz a parte de “horror” para a HQ. Eu poderia falar mais sobre isso, mas acho que esse piloto para uma série de TV encomendado pela FOX consegue dar bem uma ideia do que estou querendo dizer:
Aliás, uma pena que a FOX não tenha levado para frente o projeto, tem tudo para ser uma série muito bacana também na TV. Mas voltando aos quadrinhos, vamos ao que não gostei: infelizmente, demorou bastante para eu me acostumar com a arte do Rodriguez. Bastante MESMO. Acho que foram uns dois arcos completos até eu finalmente dar de ombros e pensar “Ok, Dave McKean e John Bolton não podem fazer todas as histórias mais sombrias do universo, relaxa e aproveita, Anica“., e bem, foi o que eu fiz.
Locke & Key tem até o momento seis arcos (o último ainda incompleto), cada um com seis histórias: Welcome to Lovecraft, Head Games, Crown of Shadows, Keys to the Kingdom, Clockworks e Omega, além de duas “one-shot”, Open the Moon (Guide to the Known Keys) e Grind House. Dessas eu li os quatro primeiros arcos e comecei o quinto, mas confesso que desanimei nesse volume – o foco desse arco não me agradou muito (o passado da mansão), mas pretendo continuar a leitura até porque tem muita ponta solta ainda e sabe como é, sou realmente curiosa.
A notícia ruim é que parece que ainda não saiu no Brasil. Tenho certeza que se a FOX tivesse continuado o projeto da série de TV o título ganharia mais atenção e aí teria alguma chance por aqui, mas por enquanto, só gringa mesmo.
Gosto taaaaanto de Estrada da Noite que deu vontadinha de ir atrás, mas o comentário sobre a arte me desanimou. O que exatamente te desagradou? (tipos que não leio The Walking Dead pq detesto a arte :/)
Achei que é algo meio heróis-do-final-dos-anos-90, não sei. Aí ao invés de ser sombrio como deveria ser, fica parecendo mais x-men, sabe?
Obrigado pelo review. Vou ler. Abraço,