Eu acho que o que mais me agradou em Django foi o cuidado com o roteiro. Eu gostei de Bastardos Inglórios, mas não lembro de diálogos que eu pensasse FOOOOOOODA como o entre Schultz e Candie falando sobre Alexandre Dumas. As frases curtas e de efeito ainda estão lá, como já provaram as ‘n’ piadas sobre “Django” ser com “d” mudo (aqui tem um exemplo disso), mas a sensação que dá é que está tudo melhor amarrado, mais fluido, menos forçado. O filme tem quase três horas que passam quase sem que você sinta (embora eu tenha percebido uma ligeira quebra no ritmo ali um pouco depois da primeira hora) – esse tipo de coisa não acontece por acaso.
Mês: janeiro 2013
Bonsai (Alejandro Zambra)
De todos os métodos para procurar novos livros para ler, um que nunca falha para mim é o “falatório entre conhecidos”. Se um amigo seu diz que leu e adorou, depois aparece uma resenha de um crítico que você normalmente lê, aí alguém fala no twitter, etc. etc. etc. pode saber: será no mínimo bom. Foi o que aconteceu comigo sobre Bonsai, estreia na ficção do chileno Alejandro Zambra. Lançado no mês passado aqui no Brasil pela Cosac Naify, desde então quase todos os meus contatos literários estão pelo menos em um dos dois estágios com esse livro: leu ou quer ler. E já acostumada a seguir sem medo o tal do “falatório entre conhecidos”, fui conferir o que esse livro tinha a oferecer (e saber o porquê, afinal, de falarem tanto sobre ele).
O que chama a atenção logo de cara é que Bonsai é curtíssimo. Dá pouco mais de 90 páginas, mas há de se considerar o projeto gráfico da publicação, que ocupa pouco espaço das páginas (ou seja, das 90 dá para dizer que ele provavelmente tem algo em torno de 60). Eu fiquei realmente curiosa se há alguma intenção de que o leitor apare as sobras do livro, como quem cuida de um bonsai. Confesso que ver o pontilhado da capa despertou em mim um desejo irresistível de fazê-lo, mas como sofri com meu Bartleby, resolvi deixar para lá qualquer exercício envolvendo tesouras ou guilhotinas e apenas ler. Continue lendo “Bonsai (Alejandro Zambra)”
As aventuras de Pi
De qualquer forma, é fato que na primeira meia hora do filme eu ainda estava assistindo com um certo cinismo. “Ok, Ang Lee, entendi, você fez receita de bolo para ganhar Oscar.”, era o que eu pensava (além de “Se fizerem algo com o Tigre eu vou ficar muito puta”). Mas aí na outra vez que fui me dar conta de qualquer pensamento que não a história em si, eu percebi que já tinha sido completamente encantada, para não dizer seduzida. Sim, é receita de bolo para ganhar Oscar. Mas ninguém disse que seguir receita faz o bolo ficar ruim, ele só não fica, hum, original, certo?
O lado bom da vida
Porém, há os que buscam de certa forma colocar o leitor na mesma condição de seus protagonistas. Aquela sensação de pegar “o bonde andando” e ter que se atualizar sobre o que andou acontecendo, a estranheza ao estar em um ambiente que deveria ser familiar mas que não é mais. É exatamente o que Matthew Quick faz em seu romance de estreia, The Silver Linings Playbook (publicado lá fora em 2008 e chegando no Brasil agora pela Instríseca como O lado bom da vida). Situando a história no momento em que o protagonista Pat está deixando um hospital psiquiátrico, e fazendo com que essa personagem seja também o narrador da história, revivemos um sentimento de termos que primeiro encaixar peças de nosso passado para então partir para a brincadeira de adivinhação sobre o que virá a seguir.
As vantagens de ser invisível (Stephen Chbosky)
Não há nada mais bacana que ter um livro em mãos sem qualquer expectativa e ser surpreendido pouco a pouco com o que ele tem a revelar. Com The Perks of Being a Wallflower, de Stephen Chbosky (lançado aqui no Brasil pela Rocco como As vantagens de ser invisível), foi exatamente assim. Comecei a ler porque depois de Psicopata Americano eu queria algo mais leve, para passar o tempo mesmo. E Perks parecia a escolha ideal: livro para jovens publicado originalmente em 1999, mas que se passa em 1991, trata-se de um romance epistolar mostrando um pouco da vida de Charlie, um adolescente de 16 anos que acaba de começar uma nova etapa na vida de estudante. O melhor (e único) amigo acabou de se suicidar, e como ele se encontra completamente sozinho, resolve enviar cartas para uma pessoa que ele não conhece, comentando sobre tudo o que tem vivido. Continue lendo “As vantagens de ser invisível (Stephen Chbosky)”
Sete Psicopatas e um Shih Tzu
Dirigido por Martin McDonagh (o mesmo de Na mira do chefe), o filme conta a história de Marty (Colin Farrell), um roteirista passando por um bloqueio criativo e que recebe apoio do amigo Billy (Sam Rockwell) para escrever uma história sobre sete psicopatas. A graça do enredo é que pouco a pouco vamos percebendo que a história que Marty está escrevendo é na realidade a que estamos vendo no filme.
Parando de comprar livros
10 em cada 10 leitores vorazes sustentam um hábito de comprar mais livros do que conseguem ler. Pode seguir qualquer um deles e as reclamações estarão lá: “Metade do mês e já comprei 20 livros!”, “Não aguentei a promoção e comprei mais livros!” e variações do mesmo tema. Tem pouco tempo estava todo mundo por aí compartilhando esta imagem dizendo que praticava tsundoku.
Moonrise Kingdom
E é engraçado eu ter citado os Tenenbauns e Rushmore, porque Moonrise Kingdom parece pegar muito dos temas principais dessas duas histórias. Pode ser uma constante do cinema do Anderson, mas de novo, eu não vi tudo dele então não posso afirmar. De qualquer forma, vemos lá o crescimento, o deslocamento e, principalmente, aquele tom doce, mas ao mesmo tempo triste – ele tem seus momentos “Nhoooum!” ao mesmo tempo em que você vê a personagem de Bill Murray dizendo que deseja que o telhado saia voando e que ele seja tragado para o espaço.
Ficção Nacional
Saiu hoje matéria na Folha comentando o óbvio para qualquer um que costuma acompanhar listas de mais vendidos aqui do Brasil: livros de ficção escritos por autores nacionais raramente aparecem entre os sucessos de vendas. O interessante da reportagem é ler o que o pessoal das editoras tem a dizer sobre o assunto. Chama a atenção o fato de que dessa vez a culpa não foi jogada no colo do leitor como normalmente acontece, mas do escritor, como dá para ver neste trecho:
Being Human
Aliás, chega a ser irônico como uma história com seres sobrenaturais consegue trazer um olhar tão atento à nossa condição, com o que temos de melhor e de pior. Cada uma das personagens busca algo diferente: Annie, a fantasma, nesta primeira temporada quer apenas resolver qualquer pendência que a esteja mantendo entre os vivos. George, o lobisomem, quer ser uma pessoa normal (e de preferência não causar mal algum nas noites de lua cheia, quando se transforma). Temos então o vampiro Mitchell, tentando sobreviver sem beber sangue humano.