Quando anunciaram os 20 nomes selecionados para a Granta dos jovens escritores brasileiros, lembro que boa parte não vi como surpresa – já sabia que estariam lá. O que é até engraçado, se pensar em casos como o de Daniel Galera, autor que até então nunca tinha lido, mas de quem ouço tantos elogios que só poderia imaginar que estaria entre os 20. E sim, lá está ele, com Apneia, trecho de um romance que até então ainda não havia sido publicado. Não li todos os textos da revista ainda, mas até o momento o do Galera é meu favorito, de longe o que mais me empolgou. Digo isso para explicar minha ansiedade para a chegada de Barba Ensopada de Sangue, o tal do romance de onde foi retirado o trecho da Granta. Se o autor continuasse no livro o que fez naquele pedaço da história, eu sabia que iria adorar. Enrolei um pouco para comprar o livro porque não queria comprar em loja virtual e correr o risco de receber a capa azul ou a verde (sim, sou dessas), mas finalmente com o livro em mãos, devorei as mais de 400 páginas rapidamente. O que já responde a pergunta de todo curioso “É bom?”. Sim, é.
Mas vamos por partes, porque não é um livro que merece ser comentado apenas na base do é bom ou não. Eu sabia alguma coisa da história por conta da leitura de Apneia: o pai do protagonista queria se suicidar, e ao conversar com o filho, conta sobre o passado de seu pai, dado como morto em Garopaba (litoral catarinense) muitos anos antes. Tendo isso em mente, acabei estranhando o texto de abertura do romance, em itálico e na primeira pessoa, falando “meu tio”. Meu tio? Mas não seria o avô? Como assim? Ok, resolvi confiar em uma explicação que surgiria mais para frente (e aparece, falarei sobre isso depois) e deixei o narrador (que passa a ser em terceira pessoa) me conduzir.
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