Eu já estava curiosa para ver O Artista desde que o título surgiu como um dos indicados ao Oscar. É uma mania que persiste mesmo quando já não tenho mais tempo para correr atrás de todos os lançamentos: ver os indicados a melhor filme do Oscar (fazia isso com a Sol, anos atrás). Enfim, sexta à noite, finalmente fui dar uma conferida no filme. Não tinha muitas expectativas – já sabia que era um filme mudo e preto e branco, mas vá lá, a ideia nem é tão original se pensarmos em filmes como The House of the Devil que também recriam a estética e a técnica do período da história que conta (embora nesse caso ele faça referência ao cinema de horror do final da década de 70 e começo da de 80). Mas mesmo assim, eu tinha lá o palpite de que tinham acertado no que fizeram – não pelo Oscar, mas pela quantidade de pessoas que sei que não são exatamente as que assistem cinema mudo dizendo que adoraram o filme.
E meu palpite estava certo, mas vamos por partes. Se a parte técnica não é uma novidade, o plot também não é: a ideia da transição do cinema mudo para o cinema falado já havia sido explorada por um grande clássico do cinema, o Dançando na chuva. Então você me pergunta: se o filme não tem realmente nada de novo, como pode ter agradado tanto? Bom, acho que porque as qualidades não são as supostas inovações, ao contrário do que se imagina. Os aspectos mais positivos de O Artista estão no fato de – assim como o cinema que está homenageando – saber mostrar que simplicidade nada tem a ver com má qualidade ou desleixo. É trazer novamente aquele gosto pelo cinema pelo que ele tem de melhor, a possibilidade de fazer com que acreditemos num mundo que não mais existe.
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