Mesmo a forma com a qual somos apresentados ao casal é diferente do convencional. A história de Dean e Cindy começa já pela crise, de quando pequenos atos do cotidiano já parecem irritar como se fossem coisas importantíssimas, quando um não parece mais sequer tocar no outro. O amor que resta ali está em Frankie, a filha do casal – é quase como se todo o afeto que Dean e Cindy sentissem um pelo outro fossem canalizados unicamente para ela, não sobrando mais nada. E disso vem a crise do casal, o que consequentemente leva ambos a começarem a refletir sobre o passado, de como foi que eles chegaram até ali. Uma tentativa de tentar responder a pergunta número 1 de qualquer fim de relacionamento: onde foi que erramos?
É aí que começam os flashbacks, montando uma espécie de quebra-cabeças para contar para nós que estamos assistindo como foi que eles se conheceram, como ficaram juntos, o que estava por trás do casamento. E são esses flashbacks que acabam criando uma necessidade de rever o filme, para pensar de outra maneira sobre alguns diálogos das personagens – como quando Cindy pergunta para Dean o que ele queria ser, já que ele tinha tanto potencial. Em outras palavras: queria saber por que ele tinha se tornado aquele loser, tão distante do cara com um futuro cheio de possibilidades que ela conhecera. A resposta dele, naquele momento é: “I didn’t want to be somebody’s husband and I didn’t want to be somebody’s dad, that wasn’t my goal in life. But somehow it was. I work so I can do that”. Um pouco mais além, quando vamos acumulando flashbacks o suficiente para entendermos o papel do ex-namorado de Cindy na trama, por exemplo; essa frase ganha todo um novo sentido.
E é evidente que esses diálogos entre os dois, ou mesmo a história deles não causariam tanto impacto se as atuações de Ryan Gosling e Michelle Williams não estivessem impecáveis. Você consegue enxergar o desprezo com que ela lança os olhos sobre o marido, o cansaço com aquela vida, a desilusão no trabalho – sem que ela tenha que dizer uma palavra sequer. O mesmo para Gosling, que na minha opinião tinha que interpretar a situação mais difícil no momento do rompimento, a de quem ainda ama a pessoa, e ainda acha que vale a pena lutar pelo relacionamento. A cena em que ele diz que não consegue mais aguentar tanta rejeição é comovente porque naquele momento vemos o quanto ele já fez por Cindy, o quanto é apaixonado por ela.
O bacana é que o presente e o passado dos dois seguem se mesclando até que coincidem no ponto alto do casal, o casamento, em uma cena lindíssima e ao mesmo tempo extremamente simples; e no ponto mais baixo, o rompimento definitivo, que confesso, me deixou com lágrimas nos olhos – especialmente nos momentos finais. Chega a ser até cruel, mas ao mesmo tempo é real. E talvez por ser tão verdadeiro que seja tão tocante e tão triste. Você não precisa ter estado no lugar de Dean e Cindy para sentir a dor dos dois.
Vale muito a pena ver, mas é importante realmente ter em mente de que não é um filme água com açúcar. O Dean interpretado por Gosling é sim apaixonante, com todo o amor que sente por Cindy e Frankie, mas ainda assim o tom principal da história é o de melancolia pelo fim de algo tão belo como o romance entre os dois um dia havia sido. Para quem ainda não viu (o que acho pouco provável, já que eu sou a pessoa super atrasada tentando colocar os filmes em dia aqui), segue o trailer abaixo.
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