Mas como é bastante comum na história de muitas bandas de rock, um desentendimento entre Morrissey e o guitarrista Johnny Marr acabou levando ao fim da banda cinco anos após sua formação original. A partir daí Morrissey seguiu uma (muito bem) sucedida carreira solo, com músicas ainda bastante similares ao estilo dos Smiths e outros grandes hits, como Everyday is Like Sunday e Suedehead – carreira essa que continua até os dias de hoje, sendo que o último álbum do músico (Years of Refusal) saiu em 2009.
Com tanto tempo de estrada e com tantas canções que parecem refletir exatamente o que sentimos em momentos mais tristes, Morrissey ganhou uma legião de fãs que viam nele alguém que conseguia transformar melancolia em música. Por isso, não é de surpreender um livro como a Mozipedia: The encyclopedia of Morrissey and The Smiths, escrita por Simon Goddard, jornalista que cobre a área de Música e é bastante conhecido por seus artigos sobre os Smiths.
A enciclopédia é um trabalho para aquecer o coração de qualquer apaixonado pela banda de Manchester. Seguindo um formato de verbetes, traz a história da banda desde sua formação, além da fase de carreira solo de Moz. Entre alguns verbetes, há curiosidades sobre os músicos (evidentemente, como já indica o título, o foco é Morrissey), além de inúmeras referências culturais que aparecem nas composições (Charles Dickens e Oscar Wilde, por exemplo).
Mas sem sombra de dúvida os melhores verbetes são os que falam das canções. Uma vez que muito da força dos Smiths (e da carreira solo de Morrissey) estava nas letras, é muito interessante ficar sabendo de onde alguns versos surgiram, ou o que o compositor queria dizer com outros (Alma Matters foi uma surpresa para mim, imaginava algo completamente diferente). É realmente uma viagem ao coração da história da banda, e mais ainda, para a cultura musical britânica na década de 80 (de quando ainda se tentava conseguir contratos com gravadoras através de fitas demo, e não de videos no YouTube ou músicas no MySpace, por exemplo).
Com capa dura e algumas imagens em papel especial (e coloridas), a Mozipedia é uma espécie de biografia picotada, e deliciosa de ler. Mesmo que você tente assumir o compromisso de ir aos poucos, quando vê as mais de 500 páginas do livro já acabaram. Indispensável para fãs e bastante recomendado para quem quer um guia para começar com os Smiths, é realmente uma pena que ainda não tenha tradução aqui no Brasil.
ATUALIZAÇÃO DO DIA 05/10/2013: Acabei de ler no Painel das Letras que a Leya planeja lançar a Mozipedia no Brasil em novembro deste ano. Agora é torcer para que a Leya mantenha o mesmo cuidado da edição gringa.