Quando a artista faleceu, sua sobrinha tinha apenas oito anos. A menina recebera o mesmo nome da tia, Tarsila do Amaral, e é ela que escreveu o livro infantil O anel mágico da minha tia Tarsila, que traz consigo a óbvia (e ótima) proposta de apresentar para uma geração de crianças brasileiras as obras mais importantes dessa pessoa que ela tanto admirava. O resultado é um excelente livro que mescla uma história fantástica (que certamente atrairá a atenção das crianças) com obras de Tarsila (a tia) e outras ilustrações.No início da história ficamos sabendo que Tarsila em seu leito de morte pede para que a enfermeira entregue para a sobrinha um anel de brilhantes, anel que usara por quase toda a vida. Na primeira noite após ganhar o presente, a menina descobre que esse anel é mágico, possibilitando que ela volte no tempo e veja a vida da tia desde criança, até os momentos de suas criações mais famosas.
O carinho da sobrinha pela tia é evidente, e ela apresenta essa biografia de forma doce, talvez até por narrar sob o ponto de vista de uma garotinha de oito anos. Vários pontos da vida da artista são abordados, como a infância (que apresenta a teoria que muitas de suas obras do movimento modernista foram inspiradas por histórias que a babá contava), o primeiro casamento, o envolvimento com o movimento modernista, etc. É uma forma excelente de conhecer a mulher por trás de quadros que representam tão bem a cultura brasileira.
Aliás, um momento muito bom do livro é quando a garotinha faz amizade com a Cuca (do quadro A Cuca) e começa a passear pelos quadros da tia. Assim o livro O anel mágico da minha tia Tarsila não traz só uma biografia, mas também as obras da artista (e um pouco da história dessas obras). O fato de o nome das obras fazerem parte do texto mas aparecerem em caixa alta é também bastante interessante, como acontece com Religião Brasileira, A Luae Carnaval em Madureira.
É uma obra que provavelmente interessará não só seu público alvo (crianças de mais de oito anos, acredito, até pela empatia com a narradora), mas também os mais velhos (pela quantidade de informações que traz sobre Tarsila) e os mais novos (porque as ilustrações são MUITO coloridas, vivas e chamam a atenção até de bebês de um ano de idade, esse último fato comprovado pelo Arthur). Uma proposta muito bacana, que deveria inclusive ser desenvolvida para apresentar outros artistas nacionais.