Mad Men (Primeira Temporada)

Então que a Netflix chegou ao Brasil e eu e o Fábio assinamos para ver qualé. O acervo ainda é bem fraquinho, poucas opções e filmes que lembram mais o Cinema em Casa do SBT (deem uma olhada na categoria Clássicos e chorem). De qualquer modo, tinha lá Mad Men, uma série da qual só ouvia elogios mas nunca tive paciência de baixar, procurar legenda e yadda yadda yadda. Como com o Netflix já vem em HD e legendadinho, lá fui eu toda feliz e marota dar uma conferida na série, começando obviamente pela primeira temporada cujo último episódio acabei de ver.

O que achei? Viciante. Tem o óbvio e muito falado cuidado com os detalhes como figurino e cenário, o que é um trabalho extra para uma série que se situa em uma época específica do passado. A história se passa nos anos 60, um período de transição, cheio de novidades mas ainda com algumas mentalidades dos tempos da Grande Guerra. As mulheres começam a ganhar seu espaço, mas na maior parte do tempo “são só mulheres”, como fica claro na agência de publicidade machista liderada por homens que ainda acham que o papel delas é ficar em casa cuidando dos filhos e que ter amantes faz parte do contrato, por exemplo.

Se for ver bem friamenta, Mad Men é meio que uma novela. Lógico, com personagens fantásticos (daqueles que você torce para que se deem bem ou mal), mas não há nenhum plot espetacular que conduza essas personagens. Não há uma necessidade de um grande evento principal que vá manter a curiosidade do telespectador, são apenas retratos das vidas daquelas pessoas, naquele período. Só que é justamente no cuidado que tem com as personagens que Mad Men encanta tanto, prende tanto nossa atenção.

A começar pelo protagonista, Donald Draper. É interessante ver uma série na qual o protagonista não está batalhando para conseguir seu lugar ao sol, Draper já tem tudo o que pode desejar: uma família perfeita, o emprego dos sonhos, respeito de todos ao seu redor. Mas Draper tem também um punhado de segredos que vão se revelando aos poucos, o que combina de forma ideal com a ideia da publicidade: de vender uma imagem, não necessariamente a verdade.

Nesse contexto em que nada é o que parece ser temos uma surpresa atrás de outra, e nenhum terreno é muito seguro. E não é só em Draper que isso se sustenta. Confesso que meu queixo caiu quando fica claro pela primeira vez que Joan e Stearling tem um caso – o jogo de aparências surge a todo momento, parece que todos estão querendo esconder algo para manter as imagens que fazem de si.

Adorei odiar o Campbell, e vibrei cada vez que ele tomou uma bordoada do Draper. O próprio Draper é um filho da mãe, mas ao mesmo tempo ele é tão badass que não tem como não gostar dele. Enfim, a série se sustenta principalmente nas personagens, até porque se for observar, pouco foi mostrado nessa primeira temporada, a única personagem que realmente passa por mudanças do primeiro para o último episódio é Peggy (e wtf, grávida e não sabia?!). Mas isso não é algo negativo. É como se os roteiristas não tivessem pressa como acontece em algumas séries, em que boas histórias se perdem na necessidade de resolvê-las muito rapidamente.

Além disso, tem a curiosidade das informações históricas, que confesso, para mim são um extra bem saboroso. Seja na campanha de Nixon e Kennedy, seja em produtos recém-lançados (como o primeiro desodorante com aerosol), as informações são colocadas sutilmente, como parte da trama. É um cuidado que somado com outros detalhes (a maquiagem da Peggy enquanto ela engordava, por exemplo), acabam criando exatamente isso, uma série que vale a pena assistir, nem que seja para não perder as falas geniais que o roteiro traz (como aquela do Draper sobre o amor, no primeiro episódio).

Resumo da ópera, se o Netflix não chegou com tudo isso, pelo menos me valeu por ter conseguido finalmente assistir Mad Men. Vou continuar acompanhando as outras temporadas, embora no momento eu esteja meio confusa sobre elas. Segundo o IMDb, a quarta acabou em Outubro do ano passado, e a quinta só começa de novo em 2012? Como assim? O_o

4 comentários em “Mad Men (Primeira Temporada)”

  1. Sim, são quatro temporadas do Mad Men, sendo que a última acabou ano passado. Devido a atrasos na renovação da série (o criador pediu um caminhão de dinheiro e levou), a próxima temporada é só ano que vem 🙁

    A propósito, série foda, top 3 pra mim.

  2. Era pra ter voltado em julho, mas rolou stress na negociação entre o Weiner e a AMC (ó: http://omelete.uol.com.br/series-e-tv/mad-men-so-volta-em-2012). E a January Jones pariu esses dias, quero ver como vão fazer.
    Mas enfim, ótima série. Acho interessante como a gente se choca com comportamentos que eram normais na época, como a maneira como a Betty Draper trata os filhos, ou, num episódio em que, depois de um piquenique, os personagens sacodem a toalha e deixam o lixo todo espalhado no parque, ou as grávidas fumando e bebendo, e se recusando a amamentar…
    Continua assistindo, porque só melhora.

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