O livro conta a história da menininha Obax (que significa “flor” na África ocidental), que jura ter visto uma chuva de flores. Como o lugar em que vive é conhecidamente árido, é evidente que seus amigos e familiares acreditam ser só uma invenção da garota, que viaja o mundo para ver novamente uma chuva de flores e provar que o que vira era de verdade.
O enredo é delicado, poético até – e assim também é a arte de Neves. A técnica que envolve colagem (ou pelo menos aparenta envolver) em alguns momentos lembra o tom onírico do inglês Dave McKean (famoso por suas parcerias com Neil Gaiman em livros como Cabelo Doido). Porém, é menos sombrio, bebendo de fato das cores da cultura africana, presente constantemente, mas que explodem de fato nas páginas da chuva de flores. É realmente lindo.
E justamente por um apelo visual tão forte que este livro pode agradar não só a faixa etária para a qual ele é indicado (entre cinco a doze anos de idade), mas também aos mais pequenos. Fiz um teste com o Arthur (que vai completar um livro esta semana), lendo a história com ele, que ficou animadíssimo com as ilustrações (e também com o capricho do título em letras em papel brilhante), querendo brincar com o livro, virando as páginas e tocando nas personagens da história.
E para quem ficou curioso sobre o trabalho do André Neves, fica a dica do blog Confabulando Imagens, onde o próprio autor fala de suas obras, incluindo aí a notícia de que Obax foi selecionado pela Biblioteca Internacional da Infância e da Juventude, de Munique, na Alemanha, para o importante catálogo The White Ravens 2010.