Quando a capa fala em 527,2 erros gramaticais, acreditem, eles estão de fato lá. Mas não aparecem à toa, fazem conjunto com as engraçadíssimas personagens principais de modo a tornar a leitura dessa história em quadrinhos algo tão divertido que certamente deixará a criança com gosto de quero mais.
A história é bem absurda, e talvez justamente por isso seja tão divertida: dois homens das cavernas (Ook e Gluk) viajam no tempo, aprendem kung fu e tentam derrotar um (na realidade dois) vilão que quer destruir todos os recursos naturais dos tempos primitivos. É impossível não rir com situações pelas quais as personagens passam, ou mesmo pelas falas ao estilo meio cabeça de vento delas (como quando um deles tenta reproduzir o discurso edificante do mestre de kung fu).
Além disso, cada capítulo vem com pelo menos um vire-o-game, um recurso interessantíssimo que combina o movimento de página com ilustrações de modo a fazer uma animação. Se uma pessoa de 30 anos ficou ali virando páginas rapidamente só para ver um dinossauro vomitando no vilão, imagine o efeito disso em uma criança.
Tem também um minicurso de como falar em cavernês, que o autor ao tentar vender o peixe acaba indicando que é “D+, Fássil, Irrita os adultos”. É o tipo de coisa que já dá para dar uma ideia de como é o tom geral da história, ou melhor, do livro como um todo. É realmente uma soma de diversão com leitura, o que obviamente só servirá para estimular mais o pequeno leitor a buscar outras coisas.
A idade indicada na minha opinião seria algo em torno dos 10 e 11 anos de idade, quando a criança não só pode entender as piadas como também já tem um perfil mais adequado para o vocabulário usado. Falando em vocabulário, mesmo que no fim do livro haja uma instrução para o jogo de palavras erradas, talvez seja interessante apresentar a história para a criança avisando sobre os erros antes do início da leitura, para que seja não só diversão mas também uma forma de melhorar o vocabulário.
Realmente, As aventuras de Ook e Gluk surpreendeu. Rompendo com a formalidade e usando e abusando do humor, Dav Pikey tem tudo para ganhar uma porção de leitores que mais para frente poderão inclusive lembrar que histórias assim que desfizeram aquela imagem ruim que tinham dos livros.