Esqueci também de como foi que meus melhores amigos na época viraram meus melhores amigos também. A saber, estudei no mesmo colégio minha vida inteira, o que permitiu que eu crescesse com muitas pessoas ali, fora os “alunos novos” que eram agregados à família Nossa Senhora de Lourdes com o passar dos anos.
Mas o que fazia com que uma pessoa fosse mais próxima do que outra? Porque de uma fase da adolescência o que nos une é obviamente os nossos gostos – aqueles que ouvem a mesma música, gostam dos mesmos filmes, leem os mesmos livros. Mas houve tempos na escola que não fazia muita diferença eu ser apaixonada por Smiths ou Oscar Wilde – até porque não tinha outra pessoa assim por ali.
Lembro já aos 15 anos de estar completamente obcecada por futebol, e aí sim, o “quarteto fantástico” se uniu por esse interesse em comum – chegamos até a ir ao estádio juntas, e zoávamos muito uma das outras (porque não, não torcíamos para os mesmos times). Mas o que dizer dos amigos de antes dos 15 anos?
Era isso que eu queria resgatar. Esse momento que a pessoa que divide a mesma aula com você passa a ser algo mais do que isso. Queria lembrar de como a Dani H., que foi a pessoa que me apelidou de Anica, passou a ser uma amiga com quem eu inclusive pegaria uma carona na bicicleta para ir assistir a um jogo de vôlei de praia. Ou como o Magalhães virou um amigão daqueles com quem eu passava um tempão no telefone, independente de odiar telefone.
E outros tantos amigos, como a Pati, a Li, o Eddie, o Carlos, a Ale B, a Maria Fernanda, a Pri, a Cami…
É engraçado que achamos que nunca esqueceremos, mas aí o tempo te atropela e você se dá conta que começa a deixar algumas coisas pelo caminho, e só percebe que sua memória começou a falhar quando tenta olhar para trás. E aí, meu amigo, é como dizia o Holden Caulfield: a gente nunca devia contar nada para ninguém. Mal acaba de contar, dá saudades de todo mundo.