A verdade é que com livros a coisa não é muito diferente, seja com autores ou projetos novos. Tome o exemplo do Ficção de Polpa, da Não Editora. O primeiro volume da série é arrebatador, daqueles que eu fico pensando em dar de presente para todo mundo desde que conheci. E claro que fiquei com vontade de conferir o segundo, mas ele estava esgotado. Aí agora no final de março, junto com o quarto volume (o Ficção de Polpa: Crime!) saiu a reimpressão do volume 2 e aí foi hora de ver se era banda de um sucesso só (há!) ou não.
Ok, sem enrolações. Eis que a Não Editora trouxe para o público mais um desses livros viciantes, que você mal consegue parar de ler, e que sim, fica achando que é o melhor presente que se pode dar (pelo menos para uma pessoa que tenha o hábito de leitura). As histórias ficam todas variando de boas para excelentes, o que é bastante difícil de conseguir em uma coletânea com tantos contos (20 no total), de autores tão diversos (incluindo um escritor português).
O foco do segundo volume é a ficção científica, embora não tenha só contos de robôs e alienígenas como seria de se imaginar. Olhos Vazios de Luciana Thomé, por exemplo, é puro horror – daqueles que se você for ler antes de dormir pensa até em talvez deixar alguma luz da casa acesa para não dormir no escuro. On/Off de Antônio Xerxenesky foge do que seria o clichê do sci-fi e traz um “robô” feito de remédios. O conto que abre a coletânea, Vácuo (de Frederico Cabral) parece que foi feito para ser lido ouvindo Space Oddity de David Bowie, muito bom.
Eu sei que é complicado apontar favoritos quando tantos textos estão bem acima da média, mas adorei Sofisma Sentimental Interplanetário (de Rafael Kasper). A ideia do ET usando MSN e se apaixonando em filas de banheiro é engraçada, mas mesmo assim o autor consegue fazer um conto tocante, com aqueles desfechos bacanas que qualquer um que escreve (ou tem a pretensão de escrever) gostaria de ter imaginado.
Traz outro amigo também (de Yves Robert) parte de uma premissa genial: sujeito contrata detetive particular para que esse encontre seu amigo invisível. A interação do detetive com as crianças é muito boa, e a conclusão também é legal, por brincar com uma informação solta ao acaso no começo da história.
Nós, robôs (Bernardo Moraes) é também bastante interessante até por conta do fim, assim como O Palanque (Pena Cabreira) que brinca bastante com a expectativa do leitor. Sala de espera (Rodrigo Rosp) parece que nasceu para ser filmado, muito legal. Já em Visitas (Samir Machado de Machado) fui conquistada de primeira foi o tom nostálgico da festinha de aniversário de crianças (balas de coco!).
Ótimas histórias, como já dito antes, todas bem acima da média. Perfeitas não só para aqueles que já gostam de ficção científica, mas também para servir de porta de entrada aos que ainda não conhecem esse tipo de literatura. Divertidas, cativantes, em alguns momentos arrepiantes e em outras não deixando nada a dever para grandes nomes do gênero. Vale a pena a leitura, que definitivamente comprova que se o assunto fosse música, Ficção de Polpa não é banda de um disco só.
sabe o que é engraçado..
Sabado eu tava na livraria cultura, tinha ido comprar o Game of Thrones do George R.R. Martin (sempre quis ler, mas com a iminência do seriado na HBO, resolvi, É AGORA), daí a primeira coisa que vi quando entrei lá foi essa coleção, todas as edições lado a lado, tal. Logo me chamou a atenção pela beleza das capas, principalmente ssa com o robô, e adoro a pulp fiction americana original.
Daí dei uma olhada rápida, chequei o preço, achei interessante, mas veio aquele preconceito (sim, eu tenho preconceito, tsc); são so autores brasileiros, nao deve ser legal. Aí vem voce e diz que é otimo e viciante.
Baita tapa na cara pra aprender 🙂
Volta lá e compra que é baratim hehehe É muito bom, pode até acontecer de nem todos os contos te agradarem, mas pelo menos para mim nos dois volumes eu devorei do começo ao fim. Gostei muito porque não teve aquela coisa de forçar a barra só para mostrar que as histórias se passam no Brasil (o que odeio quando fazem alguma coisa de literatura brasileira, como se fosse obrigatório para validar a obra como literatura brasileira).
E foi escrita por um pessoal que tem umas referências meio parecidas com as minhas, acho. Devem gostar de filmes, livros e afins parecidos, e isso acaba ecoando nas páginas e agradando ainda mais.
Sério, corre lá e compra, porque vale a pena. Falo dos dois primeiro volumes que eu já li, mas tenho certeza que os outros dois também são bons pq já resenharam lá no meia palavra e as palavras usadas para descrever foram as mesmas, passando de fantástico para viciante ^^