Recapitulando o evento mais importante do volume anterior, Kara foi transformada em vampira – o que já é uma grande diferença na maior parte das histórias de vampiros que tem sido publicadas atualmente, quando a “mocinha” sequer passa pela transformação, ou quando isso acontece, é mais próximo da conclusão da série. Chegamos então a’O Império do Vampiro com Kara escrevendo um manuscrito contando muito dessa vida de vampira, o problema é que esse é roubado, podendo expor segredos da sociedade secreta dos vampiros.
Aqui é óbvio que muitos elementos de outras histórias mais antigas se repetem. A questão da organização partindo para uma monarquia, o fato de o poder supremo não ser exatamente a criatura mais bondosa desse mundo (com isso Ariel, o rei, torna-se uma personagem até bem interessante, por não ser previsível), ou ainda a já esperada corrida pelo trono, envolvendo muitas intrigas, traições, jogos de poder. De qualquer forma, mesmo que nisso o enredo não seja exatamente uma novidade, é interessante ver as explicações sobre a sociedade de vampiros. Fonseca faz um trabalho interessante, que pode agradar inclusive o leitor que já é familiarizado com essa ideia de castas, hierarquia e afins como podemos ver em jogos de RPG, por exemplo.
A estrutura do livro é um pouco semelhante a do primeiro, dividido em três partes, sendo que uma delas (a segunda, entitulada Crime e Castigo) dá uma pausa na narrativa principal e traz um flashback de algumas personagens. Eu ainda não sei o quanto gosto deste recurso, porque acho que tira um pouco o fôlego da história em um momento bastante importante – é quase parecido com comercial durante um filme de horror, aparecendo bem na hora que o vilão vai atacar o protagonista. Mas embora esse flashback venha como um anticlímax, o desfecho (a terceira parte) não deve nada ao leitor, trazendo só para variar um bom gancho para o próximo livro, O pacto dos vampiros.
Além disso, é fácil perceber como a autora foge do risco de fazer uma história água com açúcar voltada apenas para o público feminino. Há ação, e bastante – incluindo o uso de espadas, trazendo aquele anacronismo bacana de um vampiro de blusa antiga, calça jeans e botas, empunhando uma espada. Parece pronto para ser filmado, não? E já foi. Há uma websérie de Alma e Sangue, para quem quiser conferir basta clicar aqui.
Vale ressaltar também que Fonseca situa a principal parte da história no Brasil, mas nem por isso fica trazendo elementos que tenham que ficar lembrando o leitor a toda hora que trata-se de um romance brasileiro – o que é ótimo. É uma história de vampiro, que extrapola os limites do espaço, tanto faz se estão em Paris ou São Luís, o mais importante é a ação das personagens. O resultado é diversão para o leitor, especialmente aquele que gosta dos vampiros como costumavam aparecer em boas histórias como a série Anita Blake e Entrevista com o Vampiro, antes dessa onda de vampiros adolescentes que chegou na última década.