Lembra dos filmes de antigamente da Sessão da Tarde? Aquela dose certa entre o divertido e a ação, sem necessariamente ser idiota? Tequila Vermelha segue esse caminho. O ritmo da narrativa é ágil, e a história se divide em capítulos curtos que vão sendo devorados sem que o leitor sequer perceba que o tempo está passando, tamanha a diversão que o livro oferece.
O protagonista Tres Navarre volta para sua cidade natal dez anos após o assassinato do pai. Ele está disposto a desvendar o mistério envolvendo o crime, nem que para isso tenha que mexer com os poderosos da região. O romance todo se passa no Texas, e as descrições de Riordan das cores locais são tão boas que conseguem transportar o leitor para dentro da história.
Outro ponto alto são as personagens, mesmo algumas secundárias são bem bacanas, como Maia, Garrett e Ralph. Mas o brilho fica por conta de Tres e Robert Johnson mesmo. A saber, Robert Johnson é o gato de Tres1 , cheio de personalidade e manias, rendendo momentos muito engraçados na história. E o que faz de Tres Navarre um protagonista tão legal é que ele tem aquele jeitão cool mas ao mesmo tempo não é perfeito, faz algumas besteiras. E tem bastante senso de humor, o que é ainda melhor (morri de rir na hora que ele fala com uma vaca, por exemplo). Pense em um sujeito que é mestre de Tai Chi e ao mesmo tempo tem um estilo todo despojado, bebendo tequila vermelha (que é uma mistura de tequila com o refrigerante Big Red, praticamente um “tubão” de tequila) e outros toda hora.
Com a narrativa em primeira pessoa, mostrando o ponto de vista de Tres, tudo fica ainda mais engraçado, especialmente por causa de alguns comentários que ele faz sobre as outras personagens ou mesmo a imagem que faz de si mesmo. Além disso, essa escolha do narrador ajuda no desenvolvimento da trama, já que vamos juntando as peças ao mesmo tempo que ele.
Mesmo com uma trama envolvendo corrupção e assassinato, a verdade é que Tequila Vermelha é um daqueles livros leves e gostosos, que servem perfeitamente para passar o tempo sem sentir que você o desperdiçou. E isso é um tanto raro quando falamos de Literatura de entretenimento, especialmente quando voltada para os adultos – são poucos os que não erram a mão e conseguem manter o texto voltado para o público maduro sem para isso ter que ser chato.
Recomendadíssimo, principalmente para aqueles que querem se distrair (e divertir!) como nos velhos tempos da Sessão da Tarde. E o negócio é torcer para que os demais livros da série de Tres Navarre cheguem logo aqui no Brasil, porque acreditem, é daqueles livros bacanas que deixam gostinho de quero mais no fim da leitura.
Em tempo: muito bacana a ideia da capa. Se você passar os dedos pelo título, verá que a textura é diferente, mais “seca” do que o resto da capa, dando aquela sensação de deserto, areia e afins que temos quando lembramos do Texas. Não deixe esse detalhe passar batido porque ficou legal mesmo.
O nome é uma homenagem ao bluesman Robert Johnson ↩