Digo “finalmente dar uma chance” porque como fã de Hornby, eu geralmente compro o título novo assim que chega nas livrarias. Mas o enredo de Slam me pareceu meio bobo, então foi a primeira vez que adiei uma leitura do autor. A história tem como base gravidez na adolescência, e o narrador-protagonista (figura típica nas histórias de Hornby) é um rapaz ali na casa dos 16 anos, apaixonado por skate e que costuma conversar com um pôster do skatista Tony Hawk.Não parece muito promissor, não é mesmo? Até porque convenhamos, há tema mais batido que gravidez na adolescência? Mas durante a leitura comecei a ver Slam de um jeito diferente. É quase como o cartão de visitas do Hornby para o pessoal mais novo, que ainda não conheceu livros bacanas que ele já fez como Alta Fidelidade, por exemplo. E dentro desse propósito, o tema nem faz muita diferença, entra novamente naquela questão de como o autor o desenvolve.
E claro, tratando-se do Hornby, ele o faz muito bem. Sempre com aquele ótimo senso de humor, situações inusitadas e aquele tom de livro que parece estar implorando para passar para as telas transformando-se em uma comédia leve e bacana. Ok, ele peca ao dar uma voz muito madura para Sam, o protagonista. Ainda acho que no caso de adolescentes Hornby acabou criando alguns mais verossímeis em Um Grande Garoto e Uma Longa Queda.
De qualquer modo, Slam é até bem divertido e em alguns momentos chega até mesmo a lembrar o melhor de Hornby. Há também a inclusão de um fator inesperado envolvendo Tony Hawk. Além de conversar com o pôster (baseando a conversa em trechos da biografia do skatista, o que rende uns diálogos engraçados), Sam também é “enviado” para o futuro, onde vê como será sua vida com o bebê que está para chegar. Há também próximo da conclusão um momento em que o narrador responde dúvidas dos leitores sobre a história, também bem legal.
É uma leitura leve, para aqueles momentos em que você não quer pensar em muita coisa e só relaxar. E insisto na questão do cartão de visitas para os leitores mais jovens, até porque Hornby, que tem lá seus 50 e poucos anos, consegue se manter muito atualizado sobre a cultura pop em geral, e o livro vem cheio de referências, especialmente musicais (como quando toca Sexy Back quando Alicia está em trabalho de parto).
Para terminar, uma curiosidade sobre o livro: em Southampton na Inglaterra, foram distribuídos 800 exemplares de graça, no melhor estilo Bookcrossing. Ótima ideia para divulgação!