Mas, como eu disse, 127 Horas é um bom filme não só por causa dele. Um dos fatores é a edição, que consegue fazer com que passemos da sensação de multidão para a solidão em um segundo, por exemplo. Isso para não falar do modo como os flashbacks são colocados (quase como alucinações de Aron), e o modo que cenas mais complicadas foram muito bem executadas (como quando Aron precisa beber a própria urina, ou bem, a famosa cena em que ele corta o braço).
A trilha sonora é ótima também, mas isso já vem sendo algo comum em filmes do Danny Boyle, não? De qualquer forma, trabalha muito bem no desenvolvimento do clima da história e também da personagem – aqueles crédito iniciais contaram tanto de Aron sem ele sequer abrir a boca, que chega mesmo a surpreender.
Quanto ao enredo, eu confesso que achei bobo mesmo. Só queria ver o filme porque o Franco tem feito boas escolhas, mas fora isso eu pensei “Ok, láááá vamos nós para mais uma história de superação”. Mas o legal é que Boyle consegue deixar a questão da superação em segundo plano. 127 Horas não é SÓ sobre o carinha que conseguiu se salvar da fria em que se meteu, mas mais sobre COMO ele foi parar ali.
E aí a situação de Aron, embora extrema, acaba funcionando muito bem como uma metáfora de um problema moderno bastante comum: estar só na multidão. Uma solidão que nós mesmos buscamos, aceitando como normal o que nos é oferecido a cada dia como parte de uma sociedade extremamente individualista. Ele sai para escalar e não fala para ninguém onde está, o que dificulta a possibilidade de ele ser salvo. Ampliando a questão: quantas pessoas estão aparentemente próximas de você, mas não sabem nada do que você faz?
Eu acho que é nessa questão que 127 Horas agrada. Não que toda a agonia para ver Aron se safar daquilo tudo também não chame a atenção. O truque de Boyle inclusive é uma repetição do sucesso do Quem quer ser um milionário?: desde o início estamos torcendo. Não é só o ato de ver o filme, é realmente torcer, como torcemos quando assistimos a um jogo na tv, queremos que aquela pessoa vença, se supere. Enfim, é entretenimento. Mas dos bons.
PS. Já vi os resultados do Globo de Ouro e discordo totalmente de A Rede Social levando tanto prêmio, mas ei, qual a graça desses eventos senão discordar de tudo, não é mesmo?
Olá, parabéns pelo site. Bastante interessante e com muitas impressões úteis! Sobre 127 horas, espero vê-lo em breve – ainda mais após ler o seu post!
Obrigada, Francisco =] espero que vc goste do filme tanto qto eu gostei ^^