Publicado pela primeira vez em 1998 (por coincidência, o ano que li Sandman pela primeira vez), conta lá com 30 textos de Gaiman, isso sem contar a Introdução que tem um conto no meio também. Aqui não tem a história de contos escolhidos para crianças, são os contos dele e é isso aí. E por causa do número grande de textos que eu indicaria para alguém que quer conhecê-lo além das HQs e dos romances (mas vale lembrar que alguns dos meus favoritos estão lá no M is for Magic também, incluindo Chivalry, The Price e October in the Chair).
E eu fico repetindo conto, conto, conto mas acho importante frisar que Smoke and Mirrors não tem só contos, mas alguns poemas do Gaiman também. Quero deixar isso claro porque se teve algo que eu não gostei dos textos foi exatamente quando ele vai para os versos. Nem todos são ruins, mas a maioria você tem aquela noção de que seria bem melhor se ele tivesse desenvolvido a ideia em prosa. E aí se for considerar o que se perde em traduções, talvez o resultado nas coletâneas em português tenha sido bem pior.
Mas sobre os contos, é aquela velha história: ele é bom (MUITO BOM) na inclusão de referências. É de longe o que ele faz de melhor, juntar em um caldeirão elementos de mitologias variadas ou mesmo outras textos de outros escritores. Isso fica bem claro no excelente Shoggoth’s Old Peculiar, que fez com que eu engatasse a leitura desse livro com a de uma coletânea de contos do Lovecraft. A releitura da história de Branca de Neve em Snow, Glass, Apples é simplesmente genial e o que já citei antes, Chivalry, é também um daqueles acima da média.
Porém, o que em surpreendeu em Smoke and Mirrors foi ver que Gaiman não é só referências. Alguns textos da coleção são novos não apenas como primeira leitura, mas porque não conversam com obras de outros autores, pelo menos não tão diretamente como normalmente acontece. Considerando esses, gostei muito de Foreign Parts e Babycakes. Mas The Goldfish Pool and Other Stories e Changes se destacam, um porque não conta absolutamente nada demais, mas te prende do início ao fim. O outro, por ser tão criativo quando explora o tema da “cura do câncer”, digamos assim.
E a Introdução do livro, com Gaiman comentando cada um dos textos é realmente bem legal. O tipo de coisa que faz diferença para quem estuda literatura, porque se tem algo que acho importantíssimo recuperar em uma arte que aceita leituras múltiplas é a intenção do autor. Isso para não falar que o conto The Wedding Present é um ótimo prêmio para aqueles leitores que não pulam introduções. Se você pulou e perdeu, shame on you! Volta lá e confere, porque é bem bacana.
No geral, gostei da leitura. Foram boas surpresas, e mesmo os que não me surpreenderam acabaram me agradando bastante. Só não gostei muito, como comentei antes, da poesia. Mas é curtinho e indolor, e bem, vale a pena conferir nem que seja para dizer que eu não sou tããããão fangirl assim do Gaiman e até tem coisa dele que eu não gosto, tchans.
Babycakes é aterrador. Gaiman é semrpe bom, até para descansar de Gaiman!