Eu já tinha ouvido falar na história do assassinato da atriz Elizabeth Short – sabe como é, difícil ter acesso à Internet e em algum momento não ficar sabendo de casos que nunca foram solucionados. O que James Ellroy se propõe a fazer é escrever o que acredita ser a conclusão do crime, a partir de anos colhendo informações sobre o assunto.
E aí você para e pensa: nossa, uma coisa é você ouvir falar de um crime, outra completamente diferente é se dedicar por anos em pesquisas sobre esse. Bom, o que acontece é que Ellroy usou a “investigação” sobre o assassinato da atriz como uma válvula de escape pela perda da mãe. E considerando isso, o leitor em dado momento começa a se questionar até que ponto a obsessão do policial que investiga o caso, Bleichert, não é de alguma forma a obsessão do autor.
E no final das contas, muito mais do que um simples policial (ou ainda, um mero whodunnit) montado para mostrar quem matou a Elizabeth Short, o livro vai além ao explorar a reação das personagens envolvidas com o crime. A dica para como a história será desenvolvida é justamente a abertura, na qual o narrador (Bleichert) fala de como conheceu o colega de trabalho, Blanchard. Uma boa parte da narrativa foca na construção da relação dos dois policiais, além de Kay Lake, namorada de Blanchard.
É esse trio que leva Dália Negra além, e prende sua atenção até o fim. Porque quando o leitor chega perto da última parte do livro, o caso de Short ainda interessa, é claro, mas outras perguntas surgiram no meio do caminho e uma surpresa atrás de outra levam a lembrar de roteiros dos filmes noir, o que não deixa de ser uma referência interessante, se considerar que o período clássico do estilo começa na década de 40, que também é quando Elizabeth Short é assassinada.
A visão do pós-Guerra nos Estados Unidos também é bem interessante, emprestando ainda mais cor para a história e especialmente para as personagens. Dália Negra não é um policial comum. É denso, complexo e em muitas vezes bastante violento. Vale a pena ser lido pelos fãs do gênero, nem que não seja encontrado em alguma livraria por apenas R$9,90.
Esse livro é bem bacana mesmo, eu li quando era molequinho e fiquei super fissurado!
Também tem um jogo da história, foi ele que me fez ler o livro. Era um jogo em 8 CDs, coisa extraordinária quando eu comprei… Haha!
Lembro que eu queria muito ler esse livro há algum tempo, mas não lembro porque xD
Só sei que procurei feito louca nas bibliotecas e não encontrava ele. =/
Olá, boa noite, td bem?
Desculpe a intromissão, estudo História do Design, e recomendaram o livro Ubik para ler. Li ele, e acabei me apaixonando pelo enredo e universo do livro UBIK. Fui pesquisar um pouco mais sobre o livro e vi uma análise sua no site http://www.meiapalavra.com.br, e achei interessante a discussão que fez em relação a obra prima de Philip K. Dick. Se possível, você poderia ou saberia descrever e analisar as relações entre religião, ciência e tecnologia, que a história tem?
Olá, Rodrigo =] Já tem algum tempo que li “Ubik”, então a memória não cooperaria muito para falar da relação entre o livro e religião, ciência e tecnologia. Mas pensando por alto acho que o livro do Dick que melhor trabalha essa tríada é o “Do Androids Dream of Electric Sheep?”, até porque a religião aparece de forma bem clara (em “Ubik” eu acho que se mistura com a ideia de morte, o que deixa a comparação um pouco mais difícil de fazer).
Não assista a adaptação do Brian de Palma desse livro. A história contada na tela não tem a mesma alma do livro em si (que é brilhante!). Recomendo, do mesmo autor, Jazz Branco (que também está pra ser adaptado).