Daybreakers

O argumento principal dos odiadores da saga Crepúsculo é que Stephenie Meyer simplesmente destruiu o “cânone vampírico” ao colocar na história seres que podem andar sob a luz do sol e não bebem sangue humano. E seguindo essa linha de raciocínio, você pensa que Daybreakers tem tudo para dar certo: a luz do sol machuca e eles não só bebem sangue humano como toda a raça está ameaçada de extinção, tamanha a sede dos vampiros. Uou, parece bacana. Parece.

A ideia é de que em um futuro não muito distante os vampiros dominaram a Terra, sobrevivendo poucos humanos – que passam a ser criados como “gado” para alimentar os dentuços. Com o número de pessoas reduzindo cada vez mais, uma empresa que vende sangue passa a procurar um substituto sintético (True Blood? 🙂 ), embora sem muito sucesso. O que se vê é cada vez mais vampiros sofrendo os efeitos da privação de sangue, que não são nada bonitos, digamos assim.

“Mas pô, Anica! Isso parece tão legal! Qual o problema?” Pois é. Não sei ao certo, talvez fique ali no roteiro. Porque o filme conta com um elenco bacana, com Ethan Hawke, Willem Dafoe e Kevin Zwierzchaczewski (hááá, ok, estou zoando sobre esse último), agrada visualmente e não pira muito no conceito “futuro”, que é o que normalmente esculhamba esses filmes – sabe como é, fácil errar a mão quando você já tem o elemento “vampiros” para a ficção.

Mas tudo acontece de forma tão sem pé nem cabeça, que não dá nem para gostar das personagens. Mesmo a de Dafoe, que tinha tudo para ser legal, não cativa. E pior ainda é o protagonista interpretado por Hawke. Você vê quais são os efeitos de privação de sangue humano logo no começo, sabe que o sangue sintético não funcionou, e aí vai engolir que o mocinho está há um bom tempo sem sangue humano por que tem pena deles? Opa, acho que não. E para piorar, a relação dele com o irmão chega a dar vergonha alheia, de tão forçada

E o pior é a “solução” que aparece lá pelas tantas (e que eu não vou contar, blé!). É o tipo de coisa que faz você pensar que alguém jogou fora uma boa ideia, no final das contas. Se ainda assim você ficou curioso e quer assistir, tenho que dizer que fucei, fucei e não achei nada sobre quando chega por aqui (ou se já chegou). Tem toda a pinta de lançamento direto em DVD.

2 comentários em “Daybreakers”

  1. Breno CS – Carioca, mas não parece. Formando em jornalismo, mas com faculdade trancada. Designer por profissão, sem formação. Fotógrafo por amor, atualmente sem equipamento. Ilustrador, mesmo sem saber desenhar muito. Crítico em tudo, mas às vezes se esquece disso e deixa detalhes passarem. Fala muito de caos e ordem, mas é extremamente desorganizado. De pouca confiança no quesito "relacionamentos", mas nunca foi taxado de mulherengo por faltar beleza. Falta tempo, sobra disposição.
    Breno C. disse:

    Acho que o grande problema foi a forma corrida como fizeram o filme, em outras palavras: faltou tempo. Como você disse, as coisas não tem pé nem cabeça, mesmo quando existe um potencial enorme, exemplo do lança com Defoe, que poderia gerar bons momentos científicos tentando explicar o vampirismo e os efeitos da privação do sangue.

    Também não consegui me prender a nenhum personagem, porque achei as atuações sofríveis. Simplesmente não dá para levar a sério o Ethan Hawke fazendo o Dalton, porque não tem expressão de confusão, como se o personagem fosse o único que não sofre diretamente com os efeitos da privação de sangue. Tudo bem que uma hora ou outra ele mostra as garras, mas no final não me convence.

    Apesar de tudo é um filme bem feito, com boa história e um elenco que prometia. Pena ter ficado só na promessa.

    PS: Parabéns pelo texto, foi o primeiro que li sobre o filme e que apontou coisas obvias, os outros simplesmente ficaram nessa briga entre filmes de vampiros sentimentais e vampiros “from hell”

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