A história na realidade é dividida em duas partes, que vão seguindo paralelamente. Inicialmente temos Bob Wilton (McGregor), um jornalista que decide ir para o Iraque atrás da reportagem de sua vida após tomar um pé na bunda. Lá ele conhece Lyn Cassady (Clooney), que reconhece como personagem de uma das matérias que já tinha escrito, sobre um grupo do exército americano treinado para desenvolver super poderes (é, isso aí mesmo). Como estava desesperado por uma história e não conseguia entrar na zona de conflito, acaba embarcando no que Cassady diz ser uma nova missão.
É enquanto seguem nessa missão que aos poucos entra a segunda parte do filme: a história desse grupo de soldados chamados Jedis (sim, isso mesmo), como começou e o que levou a “experiência” ao fim. Ao ouvir o relato de Cassady, aqueles que adoram buscar mensagens acabam se perdendo um pouco, porque o filme pode ser assistido de diversas maneiras. Simplesmente humor nonsense, crítica à ocupação norte-americana no Iraque, ou um conto da busca por algo no que acreditar.
Pelas resenhas que li até o momento, parece que foi o que mais incomodou o pessoal, porque se você focar na crítica ao militarismo, por exemplo, o assunto fica sério e aí não e nem humor nem drama. Eu acho isso de uma bobagem tremenda, um filme não precisa ser hilariante do começo ao fim para ser uma comédia, da mesma forma sobre a “seriedade” para marcá-lo como drama. Nesse caso eu fico pensando que ironicamente uma das qualidades que os estudiosos costumam apontar nas peças de Shakespeare é que ele consegue justamente mesclar tudo isso (como com o Bobo de Rei Lear). Então desculpem os que seguem essa linha de achar que Os homens que encaravam cabras falha por não se definir, eu discordo que exista uma necessidade de “definição”.
Até porque a história funciona. Você morre de rir em alguns momentos, e nem por isso deixa de perceber as cutucadas que estão sendo dadas na atitude do governo com relação à dita “Guerra ao Terror”. O grupo de Cassady é treinado para agir de forma pacífica, seguindo os ideais de “paz e amor” dos hippies, aliás, Bridges como Bill Django, o homem por trás de toda esse conceito do “Exército da Nova Terra”, está simplesmente hilário, lembra *muito* a excelente atuação dele em O Grande Lebowski.
A estreia aqui no Brasil está prevista para o dia 26 de março, fiquem atentos e não deixem de conferir quando chegar aos cinemas, porque realmente vale muito a pena. E como curiosidade, vale lembrar que o filme é adaptado de um livro com o mesmo nome, escrito por Jon Ronson (ainda sem tradução para o português, mas você pode encontrar a versão em inglês na Livraria Cultura). E para quem ficou curioso, segue aí o trailer legendado.