Paris

paris2008filmposterHá alguns dias estava curiosa sobre o filme Paris. Fiquei lembrando de quando assisti Catacombs, que era um thrillerzinho chimfrim mas que eu acabei gostando só porque eu via Paris e reconhecia lugares onde tinha estado (Catacumbas inclusas, hehe). Então pensei “Ah, dane-se. Se for ruim, pelo menos mato tempo e as saudades de Paris”. Mas de uma forma meio estranha Paris acabou me envolvendo já no começo, sem ser por causa da cidade, mas pelas histórias.

Sim, histórias. Dirigido por Cédric Klapisch (de quem eu nunca tinha ouvido falar, hihihi), Paris começa com a história de um dançarino profissional que descobre estar com um problema no coração que pode ser fatal. Já no começo a personagem conversa com sua irmã sobre o que faz para passar o tempo agora que não está trabalhando, revelando que gosta de observar as pessoas que passam, imaginando quem elas são, para onde vão. Tornando-os heróis de suas histórias.

A partir daí a narrativa se fragmenta, acompanhamos as várias pessoas “vistas” por Pierre e acompanhamos suas pequenas histórias diárias. São quase duas horas de filme que mesclam as vidas de diversas personagens, que vão e vem e parecem ter em comum apenas o fato de viverem em Paris. E não são histórias extraordinárias, não tem nem tristeza demais, nem felicidade demais – são dias normais.

E aí pensamos que o espaço tomará conta e será mais um daqueles filmes mostrando lugares lindos de Paris, mas em dado momento você até esquece que a história se passa lá, ou ainda, que a cidade dá título ao filme. E para falar bem a verdade, acredito que a escolha do título Paris foi mais uma tentativa de fugir de um “Vida” – e entregar o jogo logo de cara.

Porque ao ver a vida dos outros com os olhos de alguém que sabe que logo morrerá, é ver a importância daqueles momentos breves e desimportantes: a vida, que muitas vezes confundimos e julgamos ser só aqueles momentos em que estamos muito bem, ou muito mal. Mais para o fim, ouvindo um taxista reclamar de amenidades quando ele mesmo está perto de morrer, Pierre diz:

That’s Paris!No one’s ever happy. We grumble. We love that. They don’t know how lucky they are. Walking, breathing, running, arguing, running late… They don’t know how lucky. To be just like that, carefree in Paris.

E vai dizer que ali onde se lê Paris você não poderia ler também Curitiba, São Paulo, Rio…? Filme muito bom, valeu a pena ter assistido. É o típico caso em que, quando sobem os créditos, você fica com uma vontade enorme de correr e abraçar as pessoas de quem você gosta e dizer que ei, tá tudo bem as coisas não serem sempre perfeitas.

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