Sugestão de leituras: o artigo da wiki em inglês, para começar. Tem algumas edições de obras (quase) completas do Wilde rolando por aí, entre elas Obras Primas de Oscar Wilde da Ediouro, e a editora Landmark acabou de publicar uma edição bilíngue de O Retrato de Dorian Gray, que no final das contas é a obra mais conhecida dele. E se quiser falar sobre ele, lá no Meia Palavra já temos um tópico do autor, dá uma passadinha para conferir. E agora vamos ao Hellfire Club Onze e Meia!
Hellfire Club: Bom dia, senhor Wilde. Vamos começar com o básico, nome e data e local de nascimento.
Oscar Wilde: Oscar Fingal O’Flahertie Wills Wilde, nasci em Dublin no dia 16 de outubro de 1854.
HC: O senhor mudou para Londres ainda relativamente jovem, qual sua opinião sobre a cidade?
OW: Londres tem neblina e gente séria demais. Se é a neblina a criar gente séria ou se é a gente séria a criar a neblina, isto não sei dizer.
HC: Mas você foi aceito rapidamente na alta sociedade londrina.
OW: Para entrar na alta sociedade hoje em dia é preciso comprazer as pessoas ou saber diverti-las, ou escandalizá-las; basta isto.
HC: Mas essas relações de alguma forma contribuiram para sua função de escritor?
OW: A sociedade é uma necessidade. Sem o apoio das mulheres nada se consegue, e as mulheres são as rainhas da sociedade. Se você não tiver as mulheres ao seu lado, estará acabado. Tanto faria, então, tornar-se logo advogado, operador da bolsa ou jornalista.
HC: Uhum. Falando em mulheres, e seu casamento com Constance? Levando em consideração seu envolvimento com Alfred Douglas, como o senhor se vê como marido?
HC: Mas o senhor acredita em casamentos felizes?
OW: Que bobagem falar de casamento felizes; um homem pode ser feliz com qualquer mulher, desde que não a ame de verdade.
HC: E do que então depende a felicidade de um homem casado?
OW: A felicidade de um homem casado depende das mulheres com as quais não se casou.
HC: Muito foi comentado sobre o seu relacionamento com Alfred Douglas. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
OW: Só há uma coisa pior do que estar na boca do povo; e é ser simplesmente ignorado.
HC: E podemos dizer que existem traços biográficos em obras suas como por exemplo O Retrado de Dorian Gray”?
OW: O artista deve criar coisas bonitas mas sem infundir nelas traço algum de sua vida. Vivemos numa época em que os homens tratam a arte como se ela tivesse que ser uma forma de autobiografia. Perdemos o sentido da beleza abstrata.
HC: Mesmo assim, algumas pessoas costumam ver Alfred Douglas em Dorian Gray.
OW: Aqueles que interpretam um símbolo o fazem por sua própria conta e risco.
HC: Uhum. Mudando de assunto, há alguma celebridade que gostaria de conhecer?
OW: A única pessoa no mundo que gostaria de conhecer profundamente sou eu mesmo, mas por enquanto não vejo a menor possibilidade disso acontecer.
HC: Certo, vamos então para um bate-bola. Para o senhor, o que é um cínico?
OW: O que é um cínico? Um homem que sabe o preço de tudo e o valor de nada.
HC: Uma definição para o sexo feminino.
OW: Uma esfinge sem segredos.
HC: A diferença entre o jornalismo e a literatura.
OW: O jornalismo é ilegível, a literatura não é lida.
HC: A diferença entre o santo e o pecador.
OW: O santo tem passado, o pecador tem futuro.
HC: A diferença entre livros morais e imorais.
OW: Não há livros morais e livros imorais. Há livros bem escritos e mal escritos. E só.
HC: Se pudesse jogar algo fora hoje, o que seria?
OW: Há muitas coisas das quais nos livraríamos com alegria se não houvesse outras pessoas dispostas a usá-las.
HC: Para terminar, senhor poderia dar um conselho para os jovens escritores do Brasil?
OW: É sempre bastante bobo dar conselhos; agora, dar bons conselhos é fatal.
Hahaha, que massa isso. Uma ótima idéia sua, muito criativa. Adorei a “resposta” dele pra pergunta sobre qual celebridade ele gostaria de conhecer.
O único porém do título que você deu ao programa de entrevistas é o perigo de muita gente não sacar a origem, já que faz um bom tempo que o programa de entrevistas do Jô mudou de nome, rs
Até mais =)
ah, mas eu sou roots, não coloco essas coisas globais não 😆
Menina, ninguém pode acusá-la de ser sem imaginação, hehehe. Muito bom. Gostei muito do bate-bola: a diferença entre o santo e o pecador é maravilhosa! 😀 😀 😀
bjks.
Caramba, muito bem bolado mesmo! E, ahhh, o cara não gostava de jornalismo!!! Fora isso, a idéia é muito legal, melhor até que os Blogs do Além, da carta capital! Hehehe! E infelizmente eu sou velho o suficiente pra entender o nome do “programa”. 🙁