Lucio Fulci

fulciQuando você estiver em crise sobre o rumo profissional que decidiu tomar, deveria pensar no sr. Fulci e relaxar. Esse italiano nascido em 17 de Junho de 1927 estudou Medicina, mas sacou a tempo que tinha talento para cinema. E fez um punhado de coisas, de todos os gêneros possíveis: do western às comédias.  Mas o que fez ele famoso foram os filmes de terror, que acabaram rendendo a alcunha de Padrinho do Gore1  Não que ser o Padrinho do Gore seja exatamente o equivalente a salvar vidas, mas dá para dizer que o sr. Fulci salva finais de domingos.

Eu ainda não conheço todos os filmes da vasta lista de títulos que ele dirigiu ou para os quais escreveu o roteiro. Na verdade, até o momento vi apenas quatro, mas um deles está agora entre os mais assustadores que já vi até hoje. Por isso resolvi fazer aqui no Hellfire um breve comentário sobre eles, até para ficar como sugestão para vocês que gostam de filme de horror mas não aguentam mais ver remake hollywoodiano de filme oriental.

Zombi 2 (Zumbi 2 – A Volta dos Mortos): O título desse filme tem uma história engraçada. Era 1979, Romero tinha lançado seu Dawn of the Dead um ano antes e na Itália ele era conhecido como Zombi. E, mesmo sem ter qualquer relação com a história (ok, tinham os zumbis, mas fora isso…) Fulci resolveu batizar seu filme de Zombi 2, como se fosse uma continuação do filme do Romero. Esperto, não? Aqui a história começa meio lenta, dá para dizer que a tensão só dá as caras lá para os 40 minutos do filme. Um barco abandonado em Nova York é investigado por dois policiais, que logo são atacados por um zumbi. Buscando compreender o incidente, um jornalista e a filha do dono do barco se encontram e resolvem ir até a ilha onde o pai da mulher estava, para então descobrirem que os habitantes da ilha estão sendo contaminados por uma estranha doença que fazem os mortos retornarem. Tem uma cena que ficou bem famosa, de um zumbi lutando com um tubarão (seriously) e rende muitos sustos quando os zumbis aparecem de fato.

Paura nella città dei morti viventi (Pavor na Cidade dos Zumbis): Maaaaaaaaaaais zumbis. Aqui a história começa com o suicídio de um padre na cidade de Dunwich (referência Lovecraftiana?), que marca a abertura das portas do inferno. Quatro pessoas resolvem investigar o caso e descobrem que se eles não fecharem os portões antes do Dia de Todos os Santos, é o fim. Ah, eu sei que o plot soa meio sem pé nem cabeça, mas eu gosto quando as histórias de zumbi não partem da premissa do vírus e/ou experiência que deu errado. Melhor do que isso só quando eles aparecem do nada sem qualquer explicação. Famoso por um momento no qual a mocinha vomita as próprias tripas (ui!). Diz a lenda que a atriz teve que colocar um monte de tripa de carneiro na boca para fazer a cena, imagine só. Essa é para tirar qualquer dúvida sobre a razão do Fulci ser o Padrinho do Gore, hehe.

E tu vivrai nel terrore – L’aldilà (A Casa do Além): Esse filme tem TANTOS títulos que podem causar confusão. Inclusive aqui no Brasil além de A Casa do Além, ele também é conhecido como Terror nas Trevas. E mais uma vez temos a idéia dos portões do inferno abrindo passagem para zumbis caminharem livremente por aí. Aqui uma mulher herda um hotel e resolve abri-lo novamente, mas quando está fazendo as reformas pessoas começam a morrer misteriosamente. Me pareceu um pouco sem pé nem cabeça, mas ainda assim tem as boas e velhas mortes sangrentas para fazer a alegria dos fãs do gênero. Uma das cenas famosas do filme (e também marca registrada do diretor) é a da personagem que tem o olho vazado (sério, é o tipo de cena que só não dá mais agonia do que aquela do Cão Andaluz).

Quella villa accanto al cimitero (A Casa do Cemitério): Pronto, o tal do filme que entrou na minha lista de mais assustadores de todos os tempos. Sim, daqueles que até dá medo de levantar e ir ao banheiro no meio da madrugada, hehe. A história tem alguns furos (daqueles que os fãs explicam depois), mas ainda assim dá muito medo. É o menos zombie dos quatro (embora tecnicamente tenha um zumbi na história), focando mais no tom de história de fantasmas. E eu adoro histórias de fantasmas, com barulhos de choro de criança e portas que abrem para lugares que nós sabemos que a personagem não deveria ir, hehe. Como curiosidade: a citação no final do filme é atribuída ao Henry James (e por causa de The Turn of the Screw até achei que era dele mesmo, hehe) mas é do Lucio Fulci.


  1. Definindo de um jeito simples: aqueles filmes com sangue e tripas para todos os lados 

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