Li no final de semana passado, e simplesmente devorei o livro. Sim, ele é curto e é bem fácil devorá-lo em um final de semana. Mas não é só por ele não ser um tijolão, é porque a narrativa flui muito bem e Hawthorne consegue manter sua curiosidade do início ao fim da história de Hester Prynne. Na puritana Nova Inglaterra do século XVII, a mulher é acusada de adultério e deve usar uma letra A escarlate para mostrar para todos o crime que cometeu.
A questão de como Hawthorne prende nossa curiosidade se dá primeiro porque Prynne se mantem firme na idéia de não revelar quem era seu amante (aliás, que fique claro: em nenhum momento há dúvidas se ela traiu ou não). E o autor vai lançando dicas aos poucos, e só entrega a identidade dele quando já fica óbvio para o próprio leitor. Depois disso, a curiosidade se dá em saber o que acontecerá com o amante, e com a própria Prynne.
É um romance pesado, carregado. Não fica suave nem mesmo com o humor do Hawthorne, porque ele é muito cáustico. Não é leitura daquelas para te fazer sentir mais feliz sobre a humanidade, porque mostra o pior da humanidade: seja nos puritanos que fazem de Prynne uma pária por ela ter se envolvido com outro homem, seja pelas reações do amante
.É interessante também como Hawthorne apresenta Pérola, a filha de Prynne com o amante. Prynne chega a vestir a menina de escarlate, tal como a letra que carrega no peito – um prolongamento do pecado da mãe. Apesar de ser uma criança, Pérola é a personagem que melhor visão tem de todos os acontecimentos, inclusive ela deixa claro que sabe quem é o homem por trás da letra A, quando comenta com a mãe que ele está sempre com a mão no coração.
Uma história da dualidade humana, bem versus mal, mas extremamente sutil. A pena é que Hawthorne erra um pouco a mão no fim e tenta fazer um final feliz (pelo menos para Pérola), achei um pouco desnecessário. Mas mesmo assim não estraga o todo e é certamente um daqueles que caberia em uma estante de “livros que todos deveriam ler”. Tem uma versão para o cinema com Demi Moore e Gary Oldman, mas lá no Meia Palavra já li comentários de que mexem muito na história e ela fica bem pouco fiel.
fazia tempo que não passava por aqui, e sempre acho que devia vir mais…