Memória… poderia ser um livro sobre a velhice. Mas acho que essa leitura é muito simplista (para não falar óbvia), até levando em consideração o enredo. Um homem ao completar os 90 anos decide que passará a noite com uma virgem. Muito embora a partir dessa noite a questão da idade comece a pesar de fato em seus pensamentos, ainda assim acredito que o ponto principal da obra é o Amor, assim, com “A” maiúsculo.
Porque noite após noite aquele senhor de 90 anos vai na verdade rejuvenescendo ao viver sentimentos pela primeira vez, com um primeiro amor. A relação que vai se construindo entre o velho e a moça que está sempre dormindo é delicada, ironicamente baseada nos sonhos/ideais dele. Na verdade o narrador define bem esse relacionamento ao contar o que lia para a jovem: O Pequeno Príncipe, As Mil e uma Noites. E, tal como a raposa, a menina espera do velho a ação paciente de chegar aos poucos e ele assim o faz.
A narrativa flui muito bem, mesmo quando salta do presente para o passado (quando o plural do título se justifica) a história não se perde. A leitura, no final das contas, é uma delícia. Talvez até por ser um livro mais curto, fica até com aquele gosto de quero mais. E a notícia boa é que em algumas livrarias você pode encontrar Memória… por até 15 reais. Então a desculpa do livro caro não cabe aqui, ahn? Se ficou curioso, tem um trecho do livro no site da revista Época.
É um livro muito bom. Mas ainda acho que não chega nem perto de Cem anos de solidão ou O amor nos tempos do cólera.
É um must-read pra mim, em breve pretendo faze-lo.
O livro que tava na minha estante e foi sobrando, por incrível que pareça, foi Grande Sertão: Veredas. Desde 2005. Hehehe!
Mas agora estou me livrando dessa heresia.
Oi Anica, que bom que vc voltou com o Hellfire… é um dos poucos blogs que conheço que faz decentemente ao que se propõe, falar sobre “nerdices em geral”, mas com opinião de quem viu, leu, escutou mesmo.
Outra coisa, amo muito Garcia Marquez, mas fiquei com o pé atrás nesse livro porque ele é “chupado” de um chamado A Casa das Belas Adormecidas do Yasunari Kawabata, a história é exatamente a mesma. Mesmo assim é Garcia Marquez…
Um abraço.