Eu lembrava das atuações brilhantes do elenco (portanto lembrava do elenco), mas parava aí. Não lembrava de mais nadica de nada da história, e foi quase como ler pela primeira vez. E, levando em conta que é um policial, isso é muito bom.
Para quem não viu ou não lembra do filme, vamos recapitular: dois sujeitos que se dizem policiais abordam três garotos na rua, levando um deles para não se sabe onde. Depois desse dia os amigos se distanciam, e só voltam a se encontrar anos depois, já adultos, quando a filha de um deles morre.
Os caminhos que levam as personagens até isso falam muito mais alto do que o mistério em si. Há qualquer coisa na narrativa de Lehane que faz com que você simpatize e se identifique automaticamente com todas as personagens, até as secundárias. O momento no qual o pai está tentando “se enganar” e não acreditar que a filha morreu, por exemplo, é fantástico. A conversa que segue com o policial após o reconhecimento do corpo, ainda mais.
Não são palavras bonitas, no sentido de frase feita. São ditos simples, que poderiam sair da boca de qualquer um. E isso empresta uma verossimilhança gigante para toda a história. Mais do que isso, envolve o leitor de tal maneira que às vezes não dá nem vontade de parar de ler.
Eu sei que não segui minha dica anos atrás, mas deixo agora o conselho para o pessoal que gosta de ler e está meio sem idéias atualmente. Mystic River é realmente imperdível. Só prestem atenção onde é que vão comprar, porque pagar 50 pilas pela tradução é meio que um roubo, heim.