Aquele abraço!

Dias atrás, através do Pensar Enlouquece cheguei ao Saco de Filó, blog que observa a tal da “blogosfera” de uma maneira ácida, e até por causa disso bastante divertida. O legal é que antes de ler o Saco de Filó eu já estava aqui matutando sobre os textos em blogs, de como cada vez mais o que tem feito “sucesso” entre leitores são posts curtos, ou aqueles com imagens e videos engraçados/legais. Em resumo: o povo não quer ler.

Até por causa disso achei o post do último sábado de uma relevância tremenda. Ele traça perfis dos tipos de leitores (e por conseqüência, comentaristas) de blogs. E antes que não entendam qual é a relação entre o blogueiro e o leitor nisso tudo, convenhamos, quem blogueia (eca) quer ser lido, caso contrário não publicaria textos na web. Então, vamos logo aos fatos: não tem essa de escrever só para botar as mágoas (?!!!) para fora ou para manter um registro pessoal. Todos nós que estamos aqui temos nossa parcela de vaidade e queremos que batam os olhos em nossas palavras, e é justamente por isso que a figura do leitor/comentarista é tão importante dentro do processo todo.

E é também por essa razão que o cara que não manda só figurinha engraçada ou aquele ctrl c ctrl v da última piada que recebeu por email fica bastante frustrado com comentários que mostram claramente que o sujeito não leu o post inteiro, só porque é longo. Tem uma parcela absurda de leitores que acredita no lance de “fazer o social” (ou seja, comentar o blog do outro) para divulgar o próprio, e nisso acaba dizendo qualquer bobagem relacionada com o primeiro ou o último parágrafo do post e buenas. Aí o que o prolixo faz? Se adapta para ser lido, ou continua escrevendo como sempre, mesmo que com a sensação de que está falando com as paredes?

Aqui acredito ser interessante abrir um parênteses para lembrar que há também a questão do contexto. Um blog de humor como Irmãos Brain (alou, sou fã!) obviamente apresentará as tirinhas e não precisa necessariamente discutir a vida, o universo e tudo o mais. O que tem me preocupado aqui é a quantidade de blog que acredita na máxima ‘uma imagem vale mais do que mil palavras’ que vem surgindo.

Confesso que não sou lá muito prolixa (lembro do meu orientador dizendo que eu entregava o ouro muito rápido, que tinha que encher mais lingüiça – e isso que era só o projeto da monografia!), mas no final das contas acho bastante preocupante entrarmos em uma onda de simplificação nos blogs, até porque parte do charme dos blogs é apresentar nos posts as opiniões e idéias do blogueiro. E do comentarista. Porque sim, eu acho muito bacana quando discussões começam ali nos comentários e as pessoas argumentam e trocam informações: dá aquela sensação de que o blog serve para algo, e não é só uma versão eletrônica das agendas de adolescente.

Aos prolixos da blogosfera, aquele abraço!

***

Aproveitando também para deixar um abraço para o Toninho Vaz, autor da biografia Paulo Leminski – o bandido que sabia latim. Fiquei extremamente lisonjeada ao ler hoje cedo a mensagem que ele deixou para mim no orkut:

Toninho, obrigada pela mensagem e também por apresentar um Leminski que eu ainda não conhecia 😉

9 comentários em “Aquele abraço!”

  1. alanie – Alanie, olhos castanhos, adoradora oficial de bolo de cenoura com cobertura de chocolate, caseira, casada, avessa a bagunças e badalações. Romântica, sensível, calma, indecisa e perfeccionista. Mas também tem um lado criança, nerd e rockeira, que poucas pessoas conhecem.
    Alanie disse:

    É, sinto que devo rever meus conceitos sobre blogs também. Eu tenho um, mas como se eu não tivesse. Sei lá, não tô com o mesmo pique que tinha no começo, e isso é mau. 😐

    Bem, mas ótimo post, Anica! Parabéns! 😀

  2. Alexandre Esposito – Eu sou apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior. Mas trago na cabeça uma canção do rádio em que um antigo compositor baiano me dizia "tudo é divino, tudo é maravilhoso".
    Alexandre Esposito (Knolex) disse:

    :g:

    Quando eu chegar em casa leio mais detalhadamente o seu post e o do Saco para comentar com mais relevância do que acima. 😛

  3. É muito ruim mesmo se esforçar pra escrever algo com um mínimo de conteúdo e receber comentários do tipo: “oi, não li o post pq estava com preguiça, mas tô comentando pra te dizer que passei por aqui”. :disgust: Quase tão ruim quanto escrever um post razoavelmente prolixo (o que pra mim, é um feito, já que tenho um estilo de escrita bem sintético) e ninguém comentar.
    Mas enfim, continuo escrevendo porque de vez em quando surgem comentários que valem a pena :g:
    E, me adaptar para ser lida? Fala sério, já escrevo de forma sucinta, se me adaptar vou escrever 5 linhas.
    Adapte-se não, seu blog bem vale a pena ler :g:

  4. Eu só leio blogs com textos relativamente longos. Quando um blogueiro de que gosto escreve um texto de três linhas, fico até decepcionado.

    Apesar disso, meu blog é um lixo.(Essa frase é bem melhor do que a “visite meu blog”, porque faz pensar que o “comentarista” ou é humilde ou é sincero (duas características louváveis, creio eu), além de não soar clichê. Assim, o blogueiro acaba visitando o blog. 😀 )

    Feliz (resto de) Bloomsday para você. ^_^

  5. Confesso que final de semestre eu não tive tempo de escrever nada
    nada de tãããão longo feito você
    porém eu odeio
    MAS EU ODEIO MESMO

    quando eu desenterro um vídeo engraçado, ou faço uma “flashback” com vídeos e fotos que valem um clique e um blog “vizinho” copia tudo, só inverte a ordem das imagens e posta como se fosse dele

    e também odeios os tipos de blog que só tem uma função:
    ler os blogs e copiar as melhores coisas
    depois taca um link com os créditos e fim

    não tem produção nenhuma!
    me orgulho de produzir muita coisa, mas já produzi bem mais no passado

  6. já cheguei a imprimir posts bacanas, para, digamos, uma leitura mais detalhada, porque no papel o lance é diferente, pelo menos eu acredito.
    :excla:

  7. Pingback: pocker methods

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