Mas não é o caso. Neste primeiro trabalho de Philippe Barcinski que tive a oportunidade de conferir, confesso que fiquei bastante surpresa com a forma como ele abre mão da vaidade de fazer um roteiro desonexo que se encontra no fim (como em todos os filmes que seguem a tal da fórmula) e fala singelamente de como não temos controle sobre nossas vidas.
O foco da história trata-se de Ênio (controlador de tráfego) e Pedro (fabricante de mesa de sinuca), duas personagens cuja previsibilidade controla a vida. Não só na profissão como na vida, tudo é calculado de modo a não fugir da ordem, para continuar dentro do controle deles. Até que um acidente afeta a vida de ambos, deixando-as de pernas para o ar.
É o próprio Ênio, que em uma metáfora bem bacana comparando o trânsito com a água passando pelo cano alerta que o problema em controlar os carros é que o homem, ao contrário da água, é dotado de livre arbítrio, e a conseqüência disso é justamente a perda da previsibilidade.
O legal de “Não por acaso” é que apesar de falar o óbvio, ele diz de um modo bonito. Você se deixa levar por Ênio e Pedro, que eram quase máquinas até o momento do acidente que mudará suas vidas. E tudo de uma forma doce – como quem abre a janela de uma sala escura e empoeirada para deixar um sol de primavera tomar conta do ambiente.
Ana do meu coração,
são três filmes que mudaram a cara do cinema nacional e digo:
esse não por acaso, cheiro do ralo e árido movie.
viva!