Tempos estranhos

zombies.jpgHoje Fábio encaminhou um e-mail para mim que fez com que eu ficasse com a pulga atrás da orelha. Reproduzia uma matéria publicada no New York Times, comentando sobre uma garota que na versão Tio Sam do Você é mais inteligente que um aluno da quinta série? chegou na pergunta “Budapeste é capital de qual país da Europa?” e bem, disse lá barbaridades como “Eu achava que Europa era um país!”.

Ok, vamos por partes. Primeiro: eu ainda não consigo acreditar que os norte-americanos são assim, em sua totalidade ou grande maioria, TÃO alienados sobre “o resto” do mundo. Segundo: antes que comecem a falar, saiu no ano passado na Veja o resultado de uma pesquisa que apontava que uma porcentagem bem grande de brasileiros não sabem localizar o Brasil no mapa-múndi.

Conhecimentos geográficos à parte (até porque aqui no segundo caso entramos na velha questão da educação no Brasil), ficam as perguntas: o que é está acontecendo com as pessoas? Saber já não é mais algo necessário? Aceitamos uma posição de máquinas que repetem um processo mecânico diário para ganhar um troco no final do mês? Quando foi que buscar conhecimento virou algo fútil?

Pelo que acompanho das pessoas, a sensação que dá é que na lista de prioridades temos tudo na frente da busca por conhecimento. Aquela coisa. Hoje em dia você tem que conhecer as pessoas certas, você tem que ter o trabalho certo e, obviamente, ter o rostinho certo que saber que Budapeste é capital da Hungria tanto faz. É quase como se a pessoa pensasse “Ok, tenho tudo isso para correr atrás, você quer que eu pare para ler um livro também?!!!!!!!! ” O pior é que tempo não é desculpa, né.

Porque eu vejo alguns amigos, que precisam cumprir a jornada diária de trabalho, cuidar de filhos e da vida, e mesmo assim ainda reservam um tempinho para saber o que está acontecendo do lado de fora da sala de jantar1 (Fidel, alguém?). Não desistiram, o cérebro ainda funciona.

É. Bem isso. O cérebro funciona. Nessas horas começo a pensar na genialidade do George Romero2 quando fez seus filmes de zumbis. Porque ninguém está se arrastando por aí devorando pessoas, mas se for ver bem, a sensação que dá é que o mundo está infestado de zumbis. E ó, cortar cabeças dá cadeia, heim. O negócio é tentar aprender as técnicas para imitá-los, de modo que não nos reconheçam.


  1. Panis et Circenses, obrigatória. 

  2. Tão obrigatório quanto Os Mutantes. Mais sobre ele aqui

5 comentários em “Tempos estranhos”

  1. Anderson "Mené" Vieira – Brazil – Ainda não sei o que falar sobre mim. Na verdade eu sei mas eu não quero assustá-lo logo de cara. Quero fazer isso aos poucos.
    Menegoth disse:

    Acho que já disse isso lá no Meia Palavra. Tenh amigos em cargos excelentes que nunca leram um livro na vida. E em conhecimentos gerais são péssimos.
    Pois bem, conheço também, um cara, que não sabia até 1996 que outros países existiam. Pra ele era só o Brasil.
    Tá, ele era muito pobre e vivia no cú do mundo mas imaginem o tamanho da alienação do camarada?

    Por isso, eu não duvido de quem ache que Europa é um país (pode-se usar a desculpa da União Européia ou a globalização) ou não saber que Budapeste é a capital da Hungria.

  2. Alexandre Esposito – Eu sou apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior. Mas trago na cabeça uma canção do rádio em que um antigo compositor baiano me dizia "tudo é divino, tudo é maravilhoso".
    Alexandre Esposito disse:

    Sobre a questão dos mapas… eu… eu… I… I…

    I personally believe that U.S. Americans are unable to do so because, uh, some… people out there in our nation don’t have maps and uh, I believe that our, ah, education like such as in South Africa, and, uh, the Iraq, everywhere like such as, and I believe that they should, uh, our education over here in the U.S. should help the U.S., or should help South Africa, it should help the Iraq and the Asian countries so we will be able to build up our future, for our children.

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