Para os que não freqüentam o Meia Palavra e não sabem de que diabos estou falando, O Castelo Na Floresta é o último livro do jornalista e escritor Norman Mailer, falecido no ano passado. O falecido é um fator bastante importante, porque como acontece com a maior parte dos artistas, ele recebe a tal da “propaganda gratuita” só depois que morre.
Injustiças da humanidade à parte, fixemos no Mailer. Mês passado (omg, perdi a oportunidade de fazer a piada de tiozão “Ano passado…”) li na Bravo um artigo sobre o Mailer, justamente por causa do falecimento dele. E falaram dele de um jeito tão encantador que bom, eu fiquei morrendo de vontade de ler o livro do qual eles falavam na matéria anterior (no caso, O Castelo na Floresta).
E bom, você fica sabendo que é um livro sobre a vida do Hitler, contada sob o ponto de vista de um demônio, e aí você pensa: GENIAL!!!!!!!! É, calma aí. Calma porque antes de tudo, eu preciso dizer uma coisa: eu não deveria ter dito para vocês quem é o narrador. Nem os resenhistas de Bravo e afins. É. Porque a melhor experiência em “O Castelo na Floresta” vem justamente em não saber quem é o narrador.
No mais, Mailer preocupa-se em preencher os famosos buracos na biografia de Hitler. Muito é falado sobre o Führer, é óbvio. Já destrincharam a Grande Guerra sob todos os pontos de vista, mas pouco se fala do que veio antes de Hitler ser “o” Führer. Neste ponto, Mailer se sobressai sobre os demais. Ele vai narrar a história de Hitler desde antes de ele ser concebido até a adolescência.
Mesclando aí a voz do narrador, sim, é um livro curioso e que vale a leitura. O problema é aquela sensação de “propaganda enganosa”, digamos assim. A obra trata-se muito mais do pai do Hitler (Alois) do que dele. Além dele, quem ganha destaque é o próprio narrador, e é aí que o livro ganha destaque.
Mais do que isso: você pensa que encontrará ali explicações sobre o que fez ele ser o que é e bem, o fato é que simplesmente explicações não existem sobre isso. No final das contas, fica mais ou menos no que o narrador diz quase no fim do livro:
“O que permite a sobrevivência dos demônios é que eles são suficientemente sábios para compreender que não há respostas, apenas perguntas”.
O Castelo na Floresta é um livro estranho porque se agrada em muitos momentos, por outros é bastante enfadonho. Se a obra se concentrasse mais em Adolf do que Alois, talvez agradasse mais. De qualquer forma, vale a leitura, até mesmo porque Norman Mailer utilizou uma vasta bibliografia sobre Hitler para compor a obra.
eba, tá aí uma excelente dica. o aydano andre motta (do o globo) tava recomendando livros do mailer.
aproveito pra deixar outra dica: “fama e anonimato”, do gay talese. na verdade, o link é que ambos são jornalistas. no livro, tem um texto sobre frank sinatra que é um dos perfis mais famosos de todos os tempos (não sei se vc leu), além de outros perfis muito massas como o do obituarista do new york times.
Opa, fiquei interessada por esse aí, vou procurar para ler. Valeu, Ristow :eba: