Quando um livro desses cai em minhas mãos, começo a achar que estamos vivendo uma nova “idade das trevas” (há quem diga que essa seria a primeira). Alguns conflitos soam ainda mais sem sentido e, o que é pior, tantos avanços são adiados por causa do que acreditam alguns (ainda fossem todos…).
Veja bem: ao contrário de Dawkins, que prega o fim da religião, eu continuo com o meu discurso pelo fim do fanatismo religioso e em todas as implicações desse, incluindo a falta de respeito e a intolerância. Mas não dá para deixar de ficar com uma pulga atrás da orelha quando você lê algo como isso:
“No dia 21 de fevereiro de 2006, a Suprema Corte dos Estados Unidos determinou, de acordo com a Constituição, que uma igreja do Novo México deveria ser isentada de cumprir uma lei, a que todo mundo tem que obedecer, que proíbe o uso de drogas alucinógenas. Os integrantes do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal acreditam que só conseguem compreender Deus tomando chá de ayahuasca, que contém a droga alucinógena ilegal dimetiltriptamina. Perceba que basta que eles acreditem que a droga aumenta sua compreensão. Eles não têm de fornecer provas. Por outro lado, há muitas provas de que a maconha alivia a náusea e o desconforto dos doentes de câncer submetidos a quimioterapia. Mesmo assim, novamente de acordo com a Constituição, a Suprema Corte determinou em 2005, que todos os pacientes que usarem maconha com fins medicinais estarão sujeitos a indiciamento federal (até na minoria dos estados em que esse uso especializado foi legalizado).”
São incoerências como essa que fazem valer a pena ler Deus, um delírio. Vai desde esse caso do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal até alguns já bastante famosos, como o criacionismo. Não deixa de ser um espelho negro, refletindo muitas de nossas falhas. Porque sim, apesar de gostar muito do livro, ainda acho que “The fault, dear Brutus, is not in our stars, but in ourselves“.
The fault, dead Anica, is in our necessity of books and gods to justify our (bad) behaviour.
dead Anica?
Eu não estava pensando em ler esse livro, pois sempre acho que livros pró e anti religiosos só serviam, em sua maioria, como celeiro de argumentos para ambos os lados, sem dizer nada áqueles contrários ao seu ponto de vista.
Mas sobre a Idade das Trevas Contemporânea, eu concordo. Principalmente porque, salvo exceções, o mais comum é tanto pessoas quanto governos errarem a mão ao lidar com religiões, ou para mais, como citado no seu post, ou para menos, tal qual o incidente do “Anel da Virgindade” na Inglaterra. ( http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/07/070716_castidadeperdecasofp.shtml )
Esse caso do anel é ainda pior, embora pareça mais “suave” (“Oh, é só um anel”, etc.). Porque ao contrário do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, a menina não estava infringindo nenhuma lei, nenhuma. A não ser que o código da escola fosse contra acessórios como anéis e brincos, não tem razão para eles terem afetado de tal forma a liberdade da garota. É como se colar de conchinha representasse algo muito importante para mim (e nem digo no âmbito religioso) e hoje no trabalho minha chefe falasse “Não pode, só de pérola”.
A liberação do uso do chá JÁ É UM AVANÇO!
Existe uma noção de que o uso do chá teria influência quanto a percepção de Deus. Li um Pastor que fala isso. Contudo, Deus existe como o artista existe na sua obra e é só olhar a obra e conhecer o Artista.
Quanto a pervesidade humana é só o resultado do animal enjaulado que não pode realizar as suas funções naturais. Elas (as funções) sempre se realizaram SÓ QUE DE FORMA PERVERTIDA.
Nesse contexto, o mundo onírico (induzido ou não) permite a realização sublimada daquela pervessão.
DIAS MELHORES VIRÃO!