O que acontece é que mesmo um cara truculento como o Capitão Nascimento, que diante qualquer pessoa de “consciência social” pensaria tratar-se de um verdadeiro vilão, vira então um herói. Herói porque acredita basicamente em fazer o certo.
Não é exatamente uma escolha fácil, o fazer o certo. Porque a questão não gira só em torno de alimentar o sistema corrupto do tráfico de drogas achando que sua droguinha diária não influenciará em nada. O fazer o certo é a ausência de corrupção, a ausência de “jeitinho”. E já estamos há tanto tempo nessa vida de jeito que o retorno para essa ausência implica em abrir mão de muita coisa que já achamos comuns.
De qualquer modo, o filme tem méritos não só por levantar questões como essa, mas por ser um prato cheio do que o Umberto Eco fala em Seis Passeios no Bosque da Ficção, sobre você poder recortar uma obra (literária, cinematográfica ou o que for) e aplicá-la à qualquer contexto. Basicamente as frases que estão na boca do povo e que tanto estavam me irritando porque eu era a única que não entendia do que estavam falando, hehe. PEDE PRA SAIR, PEDE PRA SAIR!!
(Juro que fiquei morrendo de vontade de usar o método da granada com aluno que dormisse em sala de aula…)
Aqui no aeroporto de BSB, pegou tanto o “pede para sair”, que quando alguém pede ajuda no motorola (aquele radinho que a gente sempre usa), sempre algum engraçadinho solta antes “PEDE PRA SAIR! PEDE PARA SAIR”
Na minha sala, o que o professor fez foi levar um copo – daqueles de plástico – cheio de café quente. Mas ninguém deu por isso, afinal, era primeira aula, quando ninguém se importa com muita coisa. Então quando inevitavelmente um dormiu, o professor o acordou, mandou erguer o braço e, buscando o copinho, deu na mão do aluno e fez a citação com as devidas alterações.
Naturalmente, a turma adorou, e o piá riu bebeu o café e ficou de boa, acordado.
Eu fui num casamento sábado e sempre que alguem dava um bocejo, alguem já emendava com um “Capitão, o Sr 25 está dormindo”.
[…]E já estamos há tanto tempo nessa vida de jeito que o retorno para essa ausência implica em abrir mão de muita coisa que já achamos comuns.[…]
Também sinto assim. Vai para a minha lista de compras “Seis passeios…”