Não dá para dizer que o título é enganoso, porque pela opção “sombras” (em inglês seria “fantasmas”), fica claro que o foco não será o Goya. O pintor (Stellan Skarsgård) aparece no filme para unir a vida de uma personagem com outra, é mais uma desculpa. A história mesmo não é dele, mas de pessoas retratadas por ele.
A primeira é Alicia, musa de Goya. Uma adolescente jovial e aparentemente bastante moderna, vivida por Natalie Portman. A segunda personagem é Lorenzo (Javier Bardem), um padre envolvido com a Inquisição Espanhola (que na realidade é peça principal para torná-la mais severa).
Um vê o retrato do outro em situações diferentes, no estúdio de Goya. Logo depois, suas vidas se embaralham: Alicia é presa pela Inquisição, Lorenzo apesar de prometer intervir no assunto, aproveita a situação para manter relações com ela, enquanto Alicia está presa.
Nisso tudo bastante fatos históricos incluindo a Guerra Civil espanhola, e Goya como uma figura quase muda, impotente, um mero observador. Os elementos parecem interessantes, vistos assim em pedaços, não?
O problema é justamente esse. Não há muita coesão e, mais do que isso, não há algo que faça você ver os sentimentos das personagens. É tudo muito rápido, com vários saltos e as situações que surgem simplesmente não convencem. Até mesmo a explicação de Goya sobre a insistência em ajudar Alicia é fria.
Há apenas dois momentos nos quais você se emociona com a situação das personagens, uma é a do pai Alicia, convencendo Lorenzo de que qualquer um diria qualquer coisa sob tortura (esse é um dos melhores momentos do filme, aliás). O outro é já no final – e não vou descrever a cena para não estragar a surpresa de vocês.
Eu sei que comparações são injustas, mas se for colocar Goya e Amadeus um do lado do outro, quase não dá para acreditar que são do mesmo diretor (talvez apenas a trilha sonora denuncie). Enquanto em Goya as personagens parecem recortes colados lado a lado sem qualquer capricho, em Amadeus todas as paixões saltam da tela, como se pudessem ser tocadas.
Entre um e outro, talvez valha mais a pena assistir Amadeus mais uma vez. De qualquer modo, chega nos cinemas em sete de setembro (é, de novo, mais um atraso com relação ao lançamento internacional…).
Tinha até esquecido que esse filme existia. Dei uma olhada lá no Rotten Tomatoes, e parece que também não fez muito sucesso lá fora. Uma pena… Ainda assim vou ver com toda curiosidade que o Forman merece.
Poisé, rolaram umas esquisitices para o lançamento deste filme. Parece que até nos Estados Unidos o lançamento foi atrasado, aqui mais ainda. Enfim, não é um filme ruim. É só so-so (o que é uma pena, no caso do Forman).