Atendimento em tempos de inclusão digital

Uns tempos atrás corria por ai um arquivo de áudio que supostamente seria uma ligação de uma usuária do Windows para o atendimento ao cliente. Na conversa, ela esbravejava que não tinha instalado a estrelinha que aparecia na barra de ferramentas dela, e queria saber como tirar aquilo.

(A estrelinha em questão é aquela que indica que a cópia do Windows é pirata. Você pode conferir a conversa clicando aqui, o som está ruim mas foi a única gravação que consegui encontrar. Se alguém achar de melhor qualidade, por favor, mandar para meu e-mail)

Na época que ouvi, pensei que era óbvio que era um áudio fake, porque ninguém poderia ser tão burro assim. Mas desde que comecei a fazer o atendimento aos visitantes lá na Valinor, acho que é possível, sim.

O que chega a ser até irônico, não? Estão sempre falando por aí, que vivemos a Era da Informação, que basta um clique para saber qualquer coisa, mas está ficando claro que não é bem por aí – especialmente porque as pessoas continuam com preguiça de pensar.

Antes que atirem a primeira pedra, explico: eu peguei o momento de transição da internet. Nem posso dizer que acompanhei a fase jurássica, nem cheguei quando lan houses já eram algo ‘normal’. Isso implica que tive que aprender muita coisa, desde como criar uma conta em webmail até usar o icq. Tive que aprender a não apagar arquivos importantes do Windows, e passar longe da pasta System. Também aprendi a sempre manter um bom anti-vírus rodando, não executar arquivos recebidos de estranhos, muito menos clicar em link para “as fotos da última festa, que ficaram ótimas”.

Isso é o tipo de coisa que realmente requer um certo tempo de uso, e algumas cagadinhas aqui e acolá para saber o que você não pode fazer. Mas quando pegamos o exemplo do atendimento Valinor, fica complicado. A pessoa está acessando um site e mal se dá ao trabalho de ler para saber sobre o que se trata?

Isso já soa (ao menos para mim) a um reflexo do Google-vício. É querer respostas imediatas sem qualquer esforço. Não há nada que explique o que leva um cidadão escrever para o e-mail de um website sobre Tolkien mensagens como essas aqui (coloquei exatamente como foram enviadas):

olha cara eu tenho um cartucho na versão australiana e não sei onde encontro esse grande pokemon lendário por favor tou necessitando muito da sua ajuda me responde

meu endereso eta tudo serto mais o site não esta aseitando

Como não ser afetado pela brincadera da caneta feita pelos outros?

quero participar do programa topa ou não topa?

querido valinor eu sou muito onesta vc poderia me falar como posso fazer uma mensagm????????????????????????????????????

queromulher pelada

cara por favor meu pc esquenta de mais e fica fasendo barulho me ajuda

AI EU GUE RO FAZER UMA COMTA COMO QUE EU FASO

Sério, acho que as escolas deveriam reconsiderar as aulas de informática nas escola, e colocar uma horinha extra de leitura e interpretação de texto para a molecada. Sabendo interpretar o que você está lendo, não é preciso ser um gênio da computação para fazer o essencial na internet.

5 comentários em “Atendimento em tempos de inclusão digital”

  1. Para que ler, se você pode exigir as coisas de graça? 🙄

    E acredito que esse é o tipo de coisa sempre vai existir. Quando vou tratar algo com uma pessoa que não conheço, quase sempre parto do princípio de que ela seja ignorante e talvez não saiba interpretar corretamente o que eu vou falar.

  2. Help Desk de empresa é pior.
    você começa o expediente sorrindo, vai almoçar tomando analgésico, e sai do trabalho já pensando em comprar o remédio para a gastrite.

    Agora, pedir mulher pelada…. pqp! 😆 😆 😆
    como diriam alguns… “Maldita inclusão digital!”

  3. Lukaz on 15 Julho, 2007 at 1:26 pm said:

    Para que ler, se você pode exigir as coisas de graça? 🙄

    Ei, tá aí uma idéia boa, começar a cobrar deizão pelo suporte :dente:

    Strange lepton on 15 Julho, 2007 at 7:41 pm said:

    eutumemqueromulher pelada

    servi fotos da Çandi

    😆

    Omykron on 16 Julho, 2007 at 4:59 am said:

    Help Desk de empresa é pior.
    você começa o expediente sorrindo, vai almoçar tomando analgésico, e sai do trabalho já pensando em comprar o remédio para a gastrite.

    Agora, pedir mulher pelada…. pqp! 😆 😆 😆
    como diriam alguns… “Maldita inclusão digital!”

    Eu acho que o mulher pelada foi por causa daquele tópico do artes, não lembro o título, mas acho que tem ‘seminuas’ no meio.

  4. Omykron on 16 Julho, 2007 at 4:59 am said:

    Help Desk de empresa é pior.
    você começa o expediente sorrindo, vai almoçar tomando analgésico, e sai do trabalho já pensando em comprar o remédio para a gastrite.

    Agora, pedir mulher pelada…. pqp! 😆 😆 😆
    como diriam alguns… “Maldita inclusão digital!”

    Yeah. Eu sei exatamente do que você está falando :kill me:

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