Seguiu então uma daquelas conversas das quais a gente só entende de fato o conteúdo uns quinze anos depois. Vale ressaltar que professora cujo nome esqueci conhecia as limitações de compreensão de crianças de nove anos de idade então usou expressões como “Ah, gente! A história ficaria tãããão chata se o herói não tivesse quem derrotar! Pensem no He-Man, que graça teria se ele ficasse andando em Etérnia sem ter que lutar com o Esqueleto!”
Claro, a partir disso houve até briga para saber quem interpretaria o Ravengar. A saber, meu papel foi “esposa do conselheiro”, o equivalente a “pedra” ou “árvore” em qualquer peça infantil.
Enfim, retornemos ao antagonista. Faço questão de usar esse termo e não “vilão”, porque o segundo está carregado de um sentido de maldade pela maldade (como o Esqueleto do He-Man), já o primeiro dá apenas a idéia de oposição ao protagonista. Supondo que você seja o protagonista da história da sua vida, você pode ter vários antagonistas. Aquele “colega” de trabalho que te passa a perna e não deixa você ficar com uma vaga boa, aquele professor que te ferra sabendo que você é bom naquilo que estão estudando e por aí vai.
Para se ter noção da importância do antagonista nas peças de nossas vidas, o termo surgiu com o teatro grego (acredita-se que introduzido por Ésquilo), e este era o nome dado ao ator que vinha ao palco depois do primeiro. Era a presença do antagonista que possibilitava o desenvolvimento do diálogo nos dramas.
Além disso, se pensarmos bem, o antagonista também superlativa as virtudes do protagonista, tornando-as superior a qualquer falha. É o antagonista que mostra para o público o quanto o rival é bom caráter e trabalhador, salvando a personagem principal de ter que dizer “Oi, eu sou um cara bom caráter e trabalhador” (o que poderia soar arrogante – um defeito).
No final das contas, eu penso cá se a vida caminhando por Etérnia sem lutar contra o Esqueleto não seria de fato um saco. Precisamos de uma carga dramática diária, de pequenos problemas e conflitos. O motivo eu não sei explicar, até porque se encararmos a vida como um jogo, qual a graça de ganhar um monte de experiência se você sabe que vai morrer no final? E se encararmos como uma peça de teatro, será sempre uma tragédia.
Mas deixando de lado a parte das motivações, sim, eu gosto de antagonistas. Nos livros e na vida, parece que eles são peça fundamental que fazem as coisas simplesmente acontecerem e a vida não ser apenas um monótono passeio por Etérnia…
(história completa aqui)
Eu sou o antagonista na vida de um monte de gente. 🙂
Se os antagonistas não existissem, não haveriam mais destopias*, logo, poderíamos viver em paz desfrutando de sociedades perfeitas. (Eu concordo com o seu post. Só fiz esse comentário sem sentido pra poder ser um antagonista)
Eu acho que todo mundo tem um momento de antagonista, por mais que não esteja ciente disso – até porque a posição de ‘antagonista’ é relativa: depende de quem é o protagonista. Em teoria vc só é o herói na sua própria história.
Dis não des :mrpurple:
Adorei o texto, é por essas e outras que me pergunto por que fico tanto tempo sem vir aqui… enfim: “Em teoria vc só é o herói na sua própria história”, superou o texto todo. Adoro essas frases de impacto, sou um rapaz careca e clichê. :dente:
E se eu quiser ser o antagonista da gramática? td bem, dis.
eu sou meu próprio antagonista. sério
Não. Alguém que se acha seu próprio antagonista não é sério.
:dente:
nhó, obrigada, ronzi :love: e não suma mais. já basta o higor sumido =P
:mrpurple:
Ah, mas isso acontece toda hora, qdo nos sabotamos, né? Outra coisa que eu tb não entendo pq fazemos, aliás.
Não. Alguém que se acha seu próprio antagonista não é sério.
:dente:
Profundo =P
O Higor está na Inglaterra. Volta em Julho… pelo menos foi isso que me disse no orkut… procure por “Sputnik” no orkut e vc o encontra…
Inglaterra? 😯
Blé, mesmo assim não é desculpa. É uma lan housezinha e um oi ><