Este é mesmo um mundo de duplos, e para toda estrela há pelo menos uma sombra rondando. O fulaninho faz quadros geniais baseado nas idéias que um amigo tem, e este amigo é esforçado, mas não chega aos pés do outro: sombra. A fulana brilha na apresentação de um trabalho de escola, que na realidade foi a colega calada que escreveu: sombra. Elas estão sempre aí, e na maioria das vezes vivem uma luta entre o não exigir e o querer o reconhecimento.
Algumas sombras simplesmente se acomodam, aprendendo a colher os frutos largados pela estrela que acompanha. Tornam-se vampiros, sugando o que a estrela oferece de melhor e esperando que um dia, um belo dia… essa estrela caia, e ele seja “finalmente” reconhecido. Outras passam a vida remoendo os inúmeros sucessos que a estrela “roubou” – a relação chega a tal ponto que beira a um ódio amistoso, o que, até pouco tempo, achava que fora muito bem ilustrado em Amadeus.
Mas nããão… O que aparece no filme do Milos Forman se enquadra em um terceiro tipo de sombra: são as sombras que não eram sombras, mas o tempo as fez assim. Sabe o Salieri? Pois é. Na verdade, foram várias as oportunidades nas quais quem “ficou para trás”, foi Mozart. A história como é conhecida em Amadeus é lenda, surgiu no fim da vida do compositor-sombra e, segundo alguns, foi uma obra de músicos que não suportavam o estilo “certinho” de Salieri, e preferiam a audácia de Mozart. Com a permissão para a citação nérdica: history became legend, legend became myth.
(Há, há, que engraçadona que sou. Aproveito o ensejo e faço cá o meu comercial: já colocou seu nome no abaixo-assinado? :mrpurple: )
Continuando…. Você mesmo já deve ter vivido uma situação na qual reconheceu uma sombra e sua estrela, e viu que a sombra era infinitamente melhor naquilo que se propunha a fazer, mas lhe faltava uma fagulha, um je ne sais quoi. O fato é: seja lá qual for esse algo que falta, é algo raro: tem no mundo muito mais sombra do que estrela.
E muitos, muitos ecos da música de outra pessoa… Mas aí já entramos em outra história.
Acho que o pior tipo de sombra é o “casal sombra”, sabe como? Quando um passa a ser apenas acompanhante e deixa te der idéias, pensamentos, vontades…
Nuss, esse tipo é o mais comum. Na verdade, até eu já fui sombra um dia 😮
O Washington Olivetto ( meu guru nestes tempos modernos) diz que todos nasceram para uma coisa – a quatão sempre foi que poucos descobriram para o quê.
Gostei da citação. Eu já sei para que nasci: para ser um peso de papel :joy: