O autor brasileiro que escreveu o trecho a seguir chama-se:
Essa mulher tinha uns olhos singulares e raros, exprimiam a um tempo um quê de perturbador, de tempestuoso, de voraz; e a um tempo eram mansos, cheios de volúpia terna, moribundos. Para defini-la pelos olhos alguém me disse: oblíqua e dissimulada. Creio porém que seria melhor dizer olhos de ondas, das pérfidas ondas, em uma palavra: olhos de ressaca
a) José de Alencar
b) Graça Aranha
c) Raul Pompéia
d) Aluísio Azevedo
e) duh, é a Capitu do Machado, né?
(tempo)
Eu confesso que até ontem à noite eu responderia como ‘duh, é a Capitu do Machado, né?’. Mas eis que ao ler um livro sobre Machado, descubro para minha surpresa que isso é um trecho de uma carta do Graça Aranha para Machado, referindo-se à uma grega que conheceu na Suíça.
O que é de cair o queixo vem a seguir:
Era casada, e por sublime disfarce teve por amante o melhor amigo do marido. Do marido não lhe resultou nada, mas do amante lhe saiu um filho (…) E o bom senso que nesse caso era o marido não entendeu da história dos amores senão quando o filho do outro começou a repetir os sestros paternos. Mas antes da explosão doméstica, o mar, o belo e untuoso mar do Pireu resolveu providencialmente o caso matando em uma rósea madrugada o amante. A grega foi perfeita em dissimular a sua bem entranhada dor e inquebrantável assistiu ao lado da mulher legítima a toda a cerimônia fúnebre. Mas, disse nestas palavras o narrador polaco: “Momento houve que os olhos da grega fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem a palavra desta mas grandes e abertos como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.”
Sim, eu sei que o que realmente importa é o desenvolvimento da história, bem como através da escolha do narrador o Machado conseguiu colocar esse eterno ponto de interrogação onde havia uma certeza (a traição de Capitu), mas não deixo de ficar admirada em como Graça Aranha entregou de mão beijada a história para Machado.
Primeiro o cara fila a mulher do Alencar, depois fila a história do Graça Aranha. Sujeitão esperto, esse Machado, não?
Owned.
Escritores que tiram suas hitórias de coisas reais são fodas. Encontrar essas fontes e reconhece-las, mais foda ainda.
Ok. Eu confesso que não leio livros de nenhum dos enumerados ( ou eletrados, algo que o valha) acima.
Mas e daí? Tomar um porre e morrer de cirrose soa menos nocivo de que ler Graça Aranha.
Huahuahauhauahuahauh
I knew it!
:***
Em tempo: mudei de endereço (outra vez ¬¬).
Senão me engano Dom Casmurro iria ser publicado primeiramente na França, e Graç Aranha, muito espertamente e ardiloso, conseguiu uma cópia antes mesmo de ser publicado definitivamente, daí ele inventou que conheceu uma grega de olhos de ressaca, mencionando a obra do Machado. fico imaginando qual foi a cara do Machado ao receber a carta do seu querido amigo.
Isso é sério, Giu? De onde saiu essa informação? Porque o que tem registrado no livro é que o Dom Casmurro foi publicado um ano após o recebimento dessa carta, e que todas as cartas de ‘resposta’ ao Graça sumiram do tal do arquivo. 😮
Seríssimo! A gente viu isso na disciplina da Marilene.
Oi, você poderia dizer qual o livro que fala dessa carta do Graça Aranha ao Machado de Assis?
Oi Cesar! O nome do livro é “Fraturas do Texto: Machado e seus Leitores” de Rubens Alves Pereira =]