Cá entre nós, que diabos passa na cabeça dos professoras de Língua Portuguesa e Literatura? Porque se você for perguntar para essa molecada, uma boa parte vai dizer que foi isso: professor mandou ler porque faria prova de interpretação de texto ou o escambau sobre o livro.
E não é assim que funciona. Não que seja necessário um grande ritual de inciação só para gostar de Machadão, mas vamos lá: ninguém calcula logarítimo sem saber calcular exponencial. Clarice Lispector pode parecer “uma merda” se o professor não soube explicar por qual motivo a obra “é boa” (ou porque, afinal de contas, eles estão lá estudando a dita cuja).
Mas o pior, o pior mesmo é a tal da preguiça. Preguiça de pensar, preguiça de ir mais além. Uma grande parte das pessoas que reclamam de Machado, por exemplo, falam que não gostam da linguagem dele. E caraca, eu leio e releio e não vejo nada de rebuscado ou difícil de entender ali. Em muitos momentos, principalmente quando contamos com um narrador em primeira pessoa, o livro tem um tom bastante coloquial até.
Eu diria que com a preguiça de ler vem o preconceito. Aí a figura sequer termina o livro e diz que é uma droga. O grande problema nisso tudo é que para ler uma obra na fase errada, ou sem um contexto devidamente apresentado, ainda há solução. Mas para preguiça…
No mundo de hoje, só pode ter preguiça mesmo. Nessa porra de planeta as pessoas não cutucam um tolete de bosta se o tolete não for deliveri. Não movem uma palha sem um controle remoto. E não param um minuto pra pensar em nada.
A vida está muito mais para um frenético filme do van Damme (?) daqueles de cenas de ação initerruptas. Num mundo desses a leitura, nem que seja uma placa, não tem espaço.
É bem por aí. O pior é que livros com esse ritmo ainda são lidos às pampas, é quando o livro faz com que o leitor tenha que parar um pouco e pensar que a coisa pega. ¬¬’
Cara… Post perfeito. Descreve exatamente o que rola. As pessoas têm preguiça, e como são forçadas a lerem… Pegam trauma! Machado de Assis usa linguagem difícil, Lispector não tem nexo, Zé de Alencar é chato… Nada podia estar mais longe da verdade, e, ao mesmo tempo, nada podia ser uma justificativa mais comum pras pessoas não gostarem de determinado autor. O que é deveras triste.
E claro, entra um pouco dos professres aí. Eles querem cobrar Machado, Zé, Clarisse? Maravilhoso, é ótimo isso! Mas que tal se eles ensinassem os seus a alunos a ler? Não fazer com que eles leiam por obrigação, mas por verem que o quem na mão é uma obra de arte, que existe para ser apreciada.
smack
Literatura deveria se rum disciplina presente desde a 3ª ou 4ª série. Assim a mulecada pegaria gosto por ler antes de ter escolha. Quando chegasse no Ensino Superior, todo mundo já teria noção do que é bom e ruim e ninguém ia precisar ser obrigado a ler (ou se fosse, isso não seria tão doloroso).