Sinceridade intelectual é isso: assisti O Cão Andaluz ontem à noite e confesso que não entendi nadica. Confesso também que foi uma experiência um tanto perturbadora. Enfim, diz a crítica que o negócio não é compreender o filme, mas de qualquer forma pensarei melhor sobre ele antes de avaliá-lo ou coisa assim.
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Eu, Fábio, Lu e Marlo fomos assistir A Fantástica Fábrica de Chocolates ontem no cinema. Eu não cheguei a rever todo o filme de 71 conforme planejado, mas algumas coisas dá para comparar sem medo de ser injusta.
Primeiro, o toque “Tim Burton” que faz toda a diferença: é impressionante como ele sempre consegue deixar um qüê de bizarrice no ar. Com isso acho que o filme perdeu um pouco do tom infantil da versão anterior.
Por falar em ‘infantil’, o molequinho que colocaram no papel de Charlie está *bem* menos irritante do que o do filme de 71. Sério, eu não conseguia simpatizar com aquele loirinho, esse pelo menos foi tragável.
Não vou entrar na comparação Depp X Wilder porque são dois contextos completamente diferentes: no filme de 2005 temos até flashbacks mostrando a infância de Willy Wonka. E bem, convenhamos: Burton e Depp é uma combinação bizarra que sempre dá certo.
Só para completar: os Oompa Loompas estão hilários!! As músicas mais engraçadas ainda! Para quem não gostava muito do filme antigo por causa das cantorias (como eu, hehe), ficará feliz em saber que elas são mais raras nessa nova versão.
1.Porque foi baseado em uma obra de Frank Miller: Embora o fato de um filme ser baseado em uma obra de um sujeito que costuma fazer só coisas boas não seja de fato uma garantia (Alan Moore que o diga), a questão é que com Sin City a coisa funcionou. Desde a caracterização do elenco (se comparar imagens da HQ com as dos filme é coisa de ficar com o queixo caído) até mesmo os diálogos, a adaptação não deixou nada a desejar para nenhum fã.
2.A escolha do elenco: Bruce Willis, Mickey Rourke, Clive Owen, Rutger Hauer, Elijah Wood, Benicio Del Toro e meu amadado salve salve Michael Madsen. E tipo, isso é SÓ O COMEÇO. Tem muita gente boa trabalhando nesse filme, não é nem questão de ser pop, é um elenco competente que segura muito bem a trama. E sim, a Jessica Alba tá gatinha bagarai como a Nancy. E foi legal pra caramba ver o Frank Miller atuando no filme também. 3.É um filme noir: sim, é noir, em todos os sentidos. Seja pela presença de mulheres fatais, detetives, viradas de trama, seja pela atmosfera obscura e os contrastes conseqüentes da fotografia p&b com alguns detalhes coloridos. Quem gostou de filmes como “O Falcão Maltês” tem tudo para gostar desse também (mas que estejam avisados que há um elemento extra em Sin City: muita violência).
4.Tarantino: Ele coloca as mãos em apenas uma seqüência do filme, mas com toda certeza uma das melhores: o momento em que Dwight está no carro com a cabeça do Jackie Boy. Carregada do típico humor negro, não tem como não perceber o toque do diretor nesse momento. Muito legal mesmo! 5.Coesão da narrativa: O filme é dividido em três histórias independentes uma das outras (baseadas nas histórias ‘The Hard Goodbye’, ‘The Big Fat Kill’ e ‘That Yellow Bastard’ das HQs), mas que são unidas de um jeito bem interessante. Se em ‘The Hard Goodbye’ vemos a personagem Nancy apenas como coadjuvante (aparecendo rapidamente como uma amiga de Marv), em ‘That Yellow Bastard’ ela é uma das personagens pricipais. Todas as personagens tem relação entre si, aliás, não só as personagens, os lugares em geral.
Enfim, filme dos bons. Só deixo como única ressalva que ele é um tanto exagerado na questão da violência, o que pode ser ruim para algumas pessoas. Tem canibalismo, cabeças decepadas, sangue jorrando para todos os cantos. Então, se você não consegue compreender o que esse tipo de elemento significa dentro de um filme assim, melhor nem passar perto de Sin City.