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Ok, não sei bem como colocar isso aqui. Mas às vezes tenho a sensação de que sou a única pessoa que embala momentos em papel celofane, digamos assim. Explicando: eu jamais comeria um cachorro quente pós balada com uam nova amizade, depois que fiz isso com a Nane diversas vezes. Porque eu vejo nesse novo amigo uma possibilidade de… mudar.

E não é só pelo mudar. É que tenho um carinho enorme pelos momentos que tenho com determinada pessoa, e por isso sinto mal tentando, de certa forma, impor para outro alguém o que gostaria de reviver.

A coisa toda me incomoda especialmente no que diz respeito a “momentos em casal”. Há um quê de acomodação em incluir o namorado em uma rotina que já existia antes com outra pessoa. É quase como tirar um para colocar outro. Aí repetem-se apelidos, programas de finais de semana, declarações, brincadeiras…

E pior: a outra pessoa nem sabe que está só repetindo algo que já aconteceu antes. Ou sabe, né? Agora, fica a pergunta: tem sentido mudar, para continuar tudo igual?

***

Após almoço com a dona Jô, peguei emprestado o Laranja Mecânica para ler (eu vou dar chicotada em quem vier aqui comentar um “Ué, mas Laranja Mecânica não é um filme?”). Tem tudo para ser uma das melhores experiências literárias do ano, pelo menos acredito que sim. Obviamente deixarei para falar do livro quando terminá-lo.

O mesmo vale para o Gozo Fabuloso (do Leminski) que o Fá me emprestou ontem. Enquanto preparávamos croutons (somos chiques, benhê!) eu já li alguns dos contos e digo uma coisa: foda. Morro de inveja de quem tem talento em prosa e em verso, devo confessar.

O que me faz lembrar do pai do Voltaire, que costumava dizer sobre seus filhos “Tenho dois idiotas em casa: um em prosa, e outro em verso”.

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