É como estou me sentindo. Não estou apaixonada por algo novo que me dê vontade de passar horas e horas falando sobre o assunto, tipo um livro ou uma peça de teatro. A única coisa que me salva da nulidade total são os filmes que tenho assistido com o Fábio, caso contrário eu estaria perdida.
Ontem, por exemplo, vimos A Fonte da Donzela, do Bergman. Fazia tempo que não via um filme tão impactante assim, realmente causa efeito em quem está assistindo. No caso, um efeito não muito agradável, digamos assim. Eu passei ainda algum tempo com um seco na garganta por causa da história de estupro/vingança e, principalmente, pela forma como foi mostrada.
Forte mesmo. O grande mérito do Bergman é que ele não precisou usar e abusar de recursos clichezões para causar esse efeito. Tanto a cena do estupro da garota quanto a do pai a vingando são até bem implícitas, a sua maneira. Não é nada jogado na cara só para chocar, que seria a saída mais óbvia e fácil nesse filme. A cena do estupro, por exemplo, é vista mais através dos olhos do garotinho e da Ingeri do que diretamente sobre o fato.
Só como curiosidade, o pai da Karin é interpretado pelo Max von Sydow, que, para quem já teve a sorte de conferir em O Sétimo Selo, interpreta o cavaleiro que joga xadrez com a Morte.
Diga-se de passagem, ele está brilhante no papel. A expressão dele ao saber que a filha foi assassinada, a dúvida entre o desejo de vingá-la e a moral cristã, enfim, tudo passado de uma forma única. E o melhor: está muito diferente do caveleiro (o que obviamente significa que não é ator de um papel só).
Chega de blablabla. Se puderem assistam, é um dos melhores filmes que vi atualmente. E olha que estou revendo O Poderoso Chefão, ehehe.