Hoje eu estava pensando na história de Orpheu. É, o da mitologia mesmo. Mais precisamente, no final da história. Bom, eu vou dar uma resumida de leve para que seja possível entender o que estou pensando sobre Orpheu.
A Eurídice, amor da vida dele, morre no dia do casamento. Ele, apaixonado, vai até o inferno (submundo) atrás dela. Chegando lá, ele consegue convencer Hades e Perséphone a deixá-la voltar ao mundo dos vivos, mas tinha uma condição: ele deveria retornar no escuro, sem olhar para trás. Eurídice o seguiria, mas se ele olhasse para trás, ela ficaria presa no submundo para sempre. Orpheu aceita a condição e segue seu caminho para o mundo dos vivos, mas sabe-se lá se pela escuridão ou pela ansiedade, começa a querer olhar para trás para se certificar que Eurídice o segue. Quando está quase chegando… não resiste, e perde sua amada para sempre, e logo a seguir é destroçado pelas Bacantes.
Aí hoje eu estava pensando. Não é mais uma tragédia de amor. É uma história sobre confiança. Confiança em quem amamos, confiança em nós mesmos. Enfim, confiança. Quantos zilhões de vezes não nos sentimos como Orpheu, na mais completa escuridão, achando que nossos esforços podem ser em vão, ou que poderemos ser enganados?
Volta e meia eu me sinto meio Orpheu. Mesmo que tenha alguém por perto, me sinto sozinha. Mesmo que saiba o caminho, sigo com medo.
enviada por Ana Lovejoy
Eu continuo achando que mesmo que possa ser uma história para ensinar as pessoas a seguirem ordens, tem muito mais coisas escondidas nela. Ah, para não ser má interpretada: eu não olharia para trás agora.