É lógico que cursar Letras não é sempre um mar de rosas. E digo isso como alguém que tem queda tanto por Lingüística quanto por Literatura (só odeio Tradução – Tradução só é legal na teoria). Mas tem coisas que… hmmm… Digamos assim: fazem valer a pena acordar cedinho para a aula.
Eu estou pensando nesse poema desde que li na aula. É simplesmente fantástico, principalmente pelo caráter inovador. Mas tem mais, muito mais! (Caramba, estou apaixonada, difícil criticar algo desse jeito). Ok, vamos por partes.
Sobre a inovação: temos algumas características de poesia concretista na obra, como por exemplo com a brincadeira que Vinícius faz com a forma dos versos. Na realidade, o verso como conhecemos já não serve mais como ferramente para toda a poesia dele: ele precisa ir além.
Não vou entrar na conversa dos neologismos, uma influência nítida de Joyce. Mas ainda assim, utilizar o Inglês em tempos em que o Francês ainda era a “língua internacional”, por assim dizer, foi muito interessante.
Mas a escolha pela língua tem um motivo, e é aqui que entra a parte mais bacana dessa poesia. Vinícius escreveu A Última Elegia quando estava estudando em Oxford. Nessa época, namorava Tati, uma garota que morava em Chelsea. Apaixonado, o poeta sempre que podia fugia para encontrar a amada, escalando o cano – um tipo de Romeu moderno, digamos assim.
Se a história por trás da criação da poesia já é legal, mais ainda é a intenção do poeta: ele quer que o leitor delire com ele, sinta a paixão dele. Por isso o texto é aquele turbilhão, aquela enxurrada de sentimentos. No final das contas, ele retratou no papel o sentimento naquele momento, confuso/louco como somos quando estamos apaixonados.
Simplesmente lindo.
Achei uma página com a poesia, está com uns erros de digitação mas no geral está ok. Vale uma lida sim. Wtf, Vinícius sempre vale uma lida.
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Por outro lado…
Não tive o menor saco para ir assistir aula de Literatura Portuguesa hoje à noite. Eu e a Jô ficamos no CAL, e acabamos conhecendo dois carinhas bem legais que ficaram jogando truco com a gente.
É isso aí, confraternização também é importante.