Então, saiu versão de Jaws no 30 Second Bunnies Theatre. Até que é engraçado, mas a melhor parte mesmo é o coelhinho dançando no final. O Kado fez uma versão gif para mim, tá aqui, ó:
Copy n’ PasteFilme mergulha nas desilusões dos Ramones
“End of the Century” mostra sonhos desfeitos e conflitos internos
Stephen Holden
Crítico do NYTimes
Viver a vida na base do mais puro rock’n’roll pode levar alguém a beber profundamente da fonte da juventude. Mas as dificuldades e tentações que esse estilo de vida proporciona freqüentemente levam a mortes prematuras.
Veja o exemplo dos Ramones, a seminal banda de punk rock cuja história é recontada em detalhes praticamente exaustivos no fascinante documentário dirigido por Michael Gramaglia e Jim Fields, “End of the Century: The Story of the Ramones” (Fim de Século: a História dos Ramones).
O vocalista excêntrico e desbocado, Joey Ramone, também conhecido como Jeffrey Hyman, e o baixista magrela e incrivelmente tatuado, Dee Dee Ramone, ou Douglas Colvin, morreram recentemente, com um ano de intervalo entre as duas mortes –Joey de câncer linfático aos 49 anos em 2001, e Dee Dee de uma overdose de heroína aos 50 em 2002.
Entre essas mortes, a banda foi consagrada no Hall da Fama do Rock ‘n’ Roll. Na cerimônia da premiação, Dee Dee somente agradeceu a si mesmo e a ninguém mais.
“End of the Century” revela, de maneira ainda mais contundente que um documentário recente sobre o Metallica, “Some Kind of Monster”, como é difícil manter a harmonia entre os membros de uma banda com o passar dos anos, como a perda do entusiasmo juvenil e com a própria sedimentação das personalidades.
O estilo punk desafiador, juvenil e freqüentemente engraçado, e a imagem uniformizada, como a turma rebelde da escola vestida com os indefectíveis casacos de couro, todos com o mesmo sobrenome Ramone, tudo isso camuflava os conflitos e sérios distúrbios de personalidade sofridos por seus integrantes.
O filme faz retroceder a história dos Ramones até os idos de 1974, quando o grupo se formou no subúrbio nova-iorquino de Forest Hills, distrito de Queens. Os rapazes tinham então a paixão em comum pela banda Iggy and the Stooges e pelos New York Dolls. Naqueles dias, o estilo sem frescuras, metralhante e tocado em altos decibéis resistia à tendência dominante, que era a da virtuosidade instrumental, cheia de ornamentos melodiosos.
Foi no histórico e sórdido bar CBGB, localizado no bairro do East Village, que a banda se lançou, após um começo tumultuado. Quando Danny Fields, empresário do rock que já havia trabalhado com The Doors, Iggy and the Stooges e o MC5, se ofereceu para empresariar os Ramones, eles aceitaram sob a condição de que ele bancasse um novo set de baterias. E a banda logo assinou com a gravadora Sire Records.
Em toda sua carreira, os Ramones conviveram com o fato de serem mais admirados fora dos Estados Unidos do que em seu próprio país. Após eletrizarem a cena do punk rock inglês no verão de 1976, a banda voltou para os Estados Unidos ainda tendo que implorar para tocar nas rádios e para se apresentar em shows.
Pareceu até que era uma cruel piada do destino quando o Sex Pistols, o Clash e outras bandas britânicas aproveitaram a publicidade e alardearam ter criado um estilo que, afinal de contas, também tinha sido uma criação pioneira dos Ramones.
O filme, que estréia nessa sexta-feira (20/08) em Nova York, mergulha profundamente nos conflitos internos da banda. Havia o baterista, produtor e criatura extremamente prática, Tommy Ramone (também conhecido como Tom Erdelyi), e um guitarrista conservador, Johnny Ramone (anteriormente John Cummings), que estavam no pólo diametralmente oposto a Dee Dee, bo�mio, esquerdista e adepto das drogas, enfim o integrante mais condizente com a imagem punk dos Ramones.
Em 1980, ainda na esperança de alcançar um sucesso comercial, a banda gravou o álbum “End of the Century” em Los Angeles, com o lendário, caretão e bem-sucedido produtor Phil Spector. Durante sessões extenuantes, Spector chegava a apontar um revólver para manter a banda encarcerada em sua casa, enquanto trabalhava com uma meticulosidade obsessiva, que um músico compara à “tortura aquática chinesa”.
O fracasso do disco foi o golpe final contra as ambições do grupo de alcançar o superestrelato. Mais tarde uma rixa permanente foi criada quando a namorada de Joey o abandonou para ficar com Johnny –os dois continuaram a se apresentar, mas sem dirigir a palavra um ao outro.
Depois que Dee Dee e o segundo baterista do grupo, Marky Ramone (ou Marc Bell), saíram da banda, os Ramones restantes ainda seguraram as pontas com substitutos por mais oito anos. As esperanças de que um novo movimento, o grunge, proporcionasse uma segunda onda ao grupo não chegaram a se materializar, embora os fãs tenham delirado com uma turnê sul-americana (pelo Brasil, Argentina e Chile).
Mas a música dos Ramones permaneceu. Como o diretor e produtor Fields assinala, por três daquele punk acelerado e despojado, os criadores de “Sheena Is a Punk Rocker”, “Blitzkrieg Bop,” “I Wanna Be Sedated” e de outras dúzias de petardos minimalistas eram compositores extraordinários.
Afinal, a declaração hiperbólica de Legs McNeil, historiador do punk-rock, de que os Ramones “salvaram o rock’n’roll” pode, no final das contas, não ser tão exagerada assim.
“End of the Century: The Story of the Ramones”
Dirigido e produzido por Michael Gramaglia e Jim Fields; diretores de fotografia, David Bowles, Fields, John Gramaglia, Michael Gramaglia, Peter Hawkins, Robert Pascal e George Seminara; montagem de Fields e John Gramaglia; m�sica dos Ramones; distribuído pela Magnolia Pictures. Duração: 108 minutos.
Com: Joey Ramone (Jeffrey Hyman), Johnny Ramone (John Cummings), Dee Dee Ramone (Douglas Colvin), Tommy Ramone (Tom Erdelyi), Marky Ramone (Marc Bell), C.J. Ramone (Christopher John Ward), Ritchie Ramone (Ritchie Reinhart), Arturo Vega, Danny Fields, Legs McNeil, Joe Strummer, Mickey Leigh, Eddie Vedder e Rodney Bingenheimer.
Tradu��o: Marcelo Godoy
Fonte: Not�cias do UOL