Começaram as propagandas políticas pelas ruas e confesso que dessa vez estou um pouco confusa. Eu sou (literalmente) petista desde pequenininha, então nunca tive problemas em pensar ‘Ó, qual meu candidato esse ano?’. Exceto pelo candidato do PT para o Governo nas últimas eleições, aquele tal de Padre Roque.
Bom, o fato é que dessa vez estou confusa porque nada me tira da cabeça que nas eleições de 2000 o Vanhoni abriu as pernas para o Cássio no final. Porque foi absurdo a forma como ele conduziu a campanha nas últimas semanas. E isso implica em uma série de desilusões e “coisas-para-se-pensar-a-respeito-da-democracia”.
… ah, bem. Eu acho que não acredito mais nessas coisas. Em homenagem ao Vanhoni fica o trecho do livro do Maurice Druon, os Reis Malditos. Está saindo edição nova, para quem não conhece vale a pena conferir. Pelo menos o livro O Rei de Ferro merece uma lida.
Segue o trecho:
“(…) Quando Filipe, o Belo, instituía impostos em virtude dos quais era criticado, ele fazia a fim de colocar a França em estado de alerta. Quando Filipe Valois exige taxas mais altas ainda, é para pagar o preço de suas derrotas. Nos cinco derradeiros anos de seu reinado. o valor da moeda seria modificado cento e sessenta vezes; o dinheiro perderia três quartos do seu valor. As mercadorias, inutilmente taxadas, atigem preços exorbitantes. Uma inflação sem precedentes torna as cidades resmungonas.
Quando as asas do mal sobrevoam um país, tudo se complica, e as calamidades naturais se acrescentam aos erros dos homens. A peste, a grende peste, vinda dos confins da Ásia, fere a França mais duramente do que qualquer outra região da Europa.(…)
(…)Sobravam à França alguns degraus para descer à ruína e à angústia; seria obra de João, erroneamente chamado de o Bom. Essa linhagem de medíocres foi feita a preceito para afastar, desde a Idade Média, um sistema que confiava à natureza produzir, no seio de uma mesma família, o detentor do poder soberano.
Mas têm os povos, em geral, sorte maior ganhando na loteria das urnas do que na dos cromossomos? As multidões, as assembléias, mesmo os colégios restritos, não erram menos do que a natureza, e a Providência, de qualquer maneira, é avara de grandeza.”