Melhor do que pedir para o amigo gravar o disco, era fazer a própria seleção com as favoritas da rádio. Aquilo podia tomar dias e dias, dependia de um ótimo timing e mais ainda de sorte. E paciência também para apagar o som das vinhetas no final da música (“Alteeernatiiiva!”, “Bo-bo-bônus! Uma hora, só de música!”, etc.).
Minha primeira fita, que gravei em uma época que eu exigia que me chamassem de April Ramone Kisser (não lembro a razão do ‘april’, ‘ramone’ é óbvio e ‘kisser’ é por causa do Andreas Kisser), tinha de L7 a Reverend Horton Heat. Era minha paixão, custou trampo mesmo gravá-la. E minha irmã desgravou.
Aí eu deixei o ‘April Ramone Kisser’ de lado, a Alternativa mórreu, mórreu Estação Primeira, mórreram meus cabelos coloridos e eu passei a gravar Duran Duran e Depeche Mode. Meu irmão dizia que tinha morrido também o meu bom gosto, mas eu discordo.
Teve minha época de pira por fitas demo também. A mais querida eu tenho guardada até hoje, se chama Churraskada, do Skuba. A maior parte era indicação do meu irmão, que carregou com ele algumas das minhas fitas depois que casou. Larápio.
A última fita que gravei foi quando já ouvia a 96. Eu já tinha uma mp3 ou outra no computador, mas o absurdo número de 12 (?!) músicas ocupava um espaço que meu pobre HD não tinha. A seleção era a seguinte (escrita em fonte azul, tudo muito caprichado):
Lado A
Last Kiss
Smooth
Abracadabra
Boy and Girls
End of a Century
Parklife
Fly Away
Secret Smile
Where Wild Roses Grow
Ana’s Song
Plush
Love Keeps Draggin’ me Down
Lado B
Never There
Evil Dick
Wild Horses
Proud Mary
Garganta
New
Malibu
Body Count
Soldier of Love
Coffee and TV
Suedhead
Somebody to Love
Essa fita é de 99, embora a presença de Smooth e Last Kiss já revelem isso. Todo esse negócio me faz pensar no que escreveu Jabor: Por que o céu dos meus sete anos tinha mais estrelas?
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Post dedicado ao Alex, que se queixou que o chato do Naftalina é que “agora só toca música recente”.