Estive pensando bastante em um trecho do livro A Insustentável Leveza do Ser, do Milan Kundera. Quem me conhece sabe que esse é um dos livros da minha vida, volta e meia algum trecho cai como uma luva para definir um momento pelo qual estou passando, o que faz as citações ao livro algo inevitável. Sobre o trecho:
“(…)Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se o ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que faz com que a vida sempre pareça um esboço. No entanto, mesmo “esboço” não parece a palavra certa porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é nossa vida não é esboço de nada, é um esboço sem quadro.”
Porque penso nisso? Acho melhor eu ir do início. Nós tomamos decisões toda hora, certo? Eu, por exemplo, escolhi estar escrevendo aqui ao invés de estudar para a prova de Literatura Portuguesa. Também escolhi tomar café durante a janta no lugar do suco de laranja. Escolhi meu pijama de ursinho no lugar do tip top. E por aí vai.
Essas são decisões pequenas, que *eu sei* que afetarão minha vida de alguma forma, só não sei como. É o tal do efeito dominó. De repente, se eu tivesse escolhido estudar, tomar suco de laranja e vestir o tip top o final da noite seria diferente. Ou talvez não. Eu nunca vou poder saber, como a citação do Milan Kundera mesmo explica.
Mas…
E as decisões que eu tomo tendo consciência exata *do que* vai mudar na minha vida? Eu tomei uma decisão dessas no final do ano passado. Eu sabia que não ia ganhar nada com isso,tinha muito mais a perder, mas mesmo assim resolvi arriscar. Por quê?
Porque eu sou do tipo que acredita que *coisas* acontecem. Aqueles 3 segundos que mudam uma vida toda. Eu provavelmente apostava nisso. Eu sei que o tempo passou e eu cheguei a conclusão que perdi muito sim. A única coisa que eu ganhei foi a certeza que nesse caso não há “se”.