Os melhores livros do Século XXI segundo o NYT (e a Anica também)

Chegando com um mês de atraso para o rolê porque acabei falando disso mais lá na Valinor, mas achei que valia o registro aqui também. Então que o New York Times em uma decisão bastante preocupante resolveu elaborar uma lista dos 100 melhores livros lançados no Século XXI. Digo preocupante porque não chegamos nem a completar um quarto de século, né, qual a pressa? Eles sabem de algo que não sabemos? Dias depois estava a ESPN lançando lista de melhores atletas do século e a ansiosa que vive em mim já ficou com a pulga atrás da orelha. Mas divago.

Como era de se esperar, depois que saiu a lista começaram as reclamações. É natural, principalmente quando não encontramos nossos favoritos e ao mesmo tempo vemos livros do século passado entre os melhores do século atual (NYT carece de uma aula básica sobre como funciona a divisão de séculos, livros do ano 2000 são do século XX).

Das reclamações o que eu achei interessante foram os brasileiros falando que a lista tinha muito livro anglófono: é um periódico estadunidense, a lista elaborada com voto de leitores estadunidenses considerando livros lançados só nos Estados Unidos1, as pessoas realmente esperavam diversidade? 

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  1. uma autora do Lithub foi convidada para votar e em um artigo explicou quais eram os critérios, o que dá para entender ainda mais a questão. Por exemplo, só eram válidos livros publicados em inglês. Vocês têm noção da fatia que o mercado editorial gringo reserva para traduções? É ridícula e claramente se reflete na lista 

Sobre finais

A internet de quem gosta de ler está cheia de exemplos de inícios marcantes de livros – aquelas primeiras frases inesquecíveis que servem como um excelente cartão de visita para uma nova obra. Por exemplo, dia desses eu abri um que começava assim: “Eu queria ser uma vadia quando eu crescesse.1 e imediatamente pensei “Ok, esse aqui vai para a lista de livros para ler”.

Mas estava pensando aqui que pouco falamos de finais. Eu sei que é sintoma desse tique que acompanha as pessoas que comentam livro na internet desde os tempos dos blogs literários, o “não posso falar muito senão dou spoiler”. Quem lê meu blog sabe que costumo alertar, mas nunca deixo de comentar detalhes que acredito relevantes. Como falei há uns tempos com alguém que perguntou sobre isso no Twitter, não estou vendendo livro, estou falando da minha experiência de leitura. Então, como é que vou me privar de falar sobre um desfecho se ele é importante?

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  1. do livro I Love You So Much But It’s Killing Us Both de Mariah Stovall 

As melhores leituras de 2023

Ano passado eu previ que detestaria a ideia de furar a lista de melhores leituras e exatamente conforme havia previsto, eu realmente xinguei muito meu eu de janeiro de 2023 que achou que seria uma boa ideia transformar meu post de melhores leituras em uma thread de twitter. Pois voltei aqui dia desses e minha mente voou para outro tipo de lista, mas hoje eu prometo que não vou dormir até falar quais foram meus dez livros favoritos de 2023.

Para surpresa de zero pessoas que acompanham minhas leituras através de comentários aleatórios por aí,1 foi mais um ano com mulheres dominando a lista de autores e como sempre digo: não é de propósito, é só que de um tempo para cá o que tem atraído minha atenção. Mas se você acha que precisa colocar mais mulheres nas suas listas de leituras, ficam aí sugestões. Então vamos lá para os melhores, sem uma ordem definida. Continue lendo “As melhores leituras de 2023”


  1. como eu disse há uns tempos, naquele meme de “com qual personagem de série que você se identifica” apesar de responder coisas tipo Princess Carolyn e outras personagens descaralhadas das ideias, mas cool, sou o Dado da Malhação (circa 1995), famoso pelo bordão “bonito isso, né? eu li num livro” 

Sobre a tal lista da FUVEST

Originalmente eu tinha sentado aqui para falar sobre meus dez livros favoritos de (*checa o calendário*) 2023, mas aí eu abri o post constatando novamente que meus livros de 2023 foram na maioria escrito por mulheres (como em quase todos os outros anos desde 2013), resolvi aproveitar o gancho para falar só um pouco sobre a treta dos livros da FUVEST e quando vi, pans, não era mais sobre meus favoritos. Enfim. Vamos de lista de livros de vestibular, outro dia fecho a lista de melhores leituras.

Desde que anunciaram que a lista teria apenas livros escritos por mulheres, disparou o chororô – e o engraçado é que se você notar bem, ele tem um ritmo parecido com o do chororô corporativo de “agora vai contratar só porque é mulher? Não vejo problema em contratar mulher para a equipe, desde que ela seja A MELHOR entre os candidatos”.

E aí te pergunto: quem define quem é melhor? Quais os critérios?

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A arte perdida de fazer agenda

Ganhei minha primeira agenda em 1993, era uma de capa dura com uma ilustração fofa do Garfield que logo transformei em diário (talvez o que eu mais evite reler, porque quem é que não tem vergonha da sua própria versão aos 12 anos?). Mas a primeira vez que fiz agenda foi no ano seguinte, depois de ganhar uma do Fido Dido de amigo secreto na escola. Era ainda uma mescla, eu escrevia diário, mas começava ali um hábito que seguiu comigo por muitos anos.

Mesmo na época eu já via o ato de “fazer agenda” como uma espécie de registro do tempo que estava vivendo, para além das coisas que contava no diário – letras de música que ouvia, recortes de gibis que eu lia, propagandas legais de revistas, fotos de ídolos, bilhetes de amigos, convites para festas e, depois de uma certa idade, rótulos de bebidas, propagandas de shows e eventos, camisetinhas feitas com caixa de Marlboro. Reabri-las hoje em dia é como abrir uma cápsula do tempo, muita coisa do que tinha lá não existe mais (cinema por R$2,50, por exemplo). É um pouco codificada, um punhado de coisa sem o menor sentido para quem não viveu o momento, como por exemplo: Continue lendo “A arte perdida de fazer agenda”

Shark Heart (Emily Habeck)

A famosa “lista de livros para ler” é um bicho estranho: não tem um formato fixo, porque você pode passar meses esperando ansiosamente um título ser lançado e quando ele finalmente chega… fuéééém, você descobre que não está no clima para aquele livro.

Por outro lado, alguns que você nem sabia que existiam aparecem do nada e passam na frente de uma série de esperados (ou dos que já estão há tempos no kindle e estante). Foi o que aconteceu comigo quando li a sinopse de Shark Heart, romance de estreia de Emily Habeck (ainda sem tradução no Brasil). Eu nem pensei duas vezes e já fui colocar no kindle e comecei a ler, devorando em pouco tempo.

Shark Heart, que tem como subtítulo “Uma história de amor”, começa com Lewis e Wren se apaixonando e casando. Mais especificamente, abre com um diálogo do pedido de casamento, como se fosse um pedaço de roteiro de teatro mesmo. Note que ao contrário do que se esperaria (o casamento como a coroação, o ponto alto das histórias de amor), aqui ele marca apenas o começo da jornada. Isso porque depois do casamento, Lewis percebe algumas mudanças no corpo e após uma visita ao médico vem o diagnóstico: ele está se transformando em um tubarão branco.

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In Memoriam (Alice Winn)

“Nossas meninas estão longe daquiNão temos com quem chorar e nem pra onde irSe lembra quando era só brincadeiraFingir ser soldado a tarde inteira?

(Soldados, Legião Urbana)

In Memoriam de Alice Winn (lançado em março de 2023 e ainda sem tradução no Brasil) começa com uma sequência de recortes de jornais. O primeiro é uma página de um informativo de um internato inglês, publicado no final de junho de 1914. No editorial, Cuthbert-Smith comenta que com o fim do período os mais velhos estão partindo para a glória em Oxford, Cambridge e Sandhurst. “Que nossos futuros sejam tão brilhantes quanto os deles!“, é a última frase do editorial.

O informativo seguinte (de outubro do mesmo ano) já traz uma lista de alunos e ex-alunos mortos em combate ou por causa de ferimentos durante os primeiros meses da Grande Guerra. Entre os mortos, está o editor Cuthbert-Smith. Morto aos 18 anos de idade.

Fora a tristeza e indignação de ler sobre meninos morrendo ainda nos anos iniciais da guerra, os recortes de abertura do romance poderiam ser lidos com o mesmo distanciamento com que lemos as notícias nos jornais atualmente. É um atestado ao talento da Alice Winn que uma releitura dessas mesmas páginas após a conclusão do romance falem tanto, e toquem tão profundamente ao leitor.

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The Sandman (Netflix)

No qual Anica conta mais uma vez sobre sua história com Sandman, tece comentários sobre a adaptação da Netflix e tenta mais uma vez guiar novos sonhadores.

Começamos no Mundo Desperto

Eu sempre conto a história de como láááá em 1998 eu e meu irmão matávamos aula do cursinho para visitar a Gibiteca, onde líamos Sandman a tarde toda antes de voltar para casa – o retorno sempre com aquela sensação esquisita de estar no limite entre o Sonhar e o Mundo Desperto, depois de tanto tempo lendo.

O que eu nunca contei, e porque eu simplesmente não lembro mais (hahaha), é como foi meu primeiro contato com Sandman. Quem foi que deu o empurrãozinho no meu irmão para fazer a carteirinha na Gibiteca? Nós fomos lá já procurando Sandman? Realmente não consigo mais lembrar. Então no fim das contas, Anica está tendo uma relação com uma HQ. Só uma daquelas coisas. Um encontro casual que se tornou importante para ambas.

E aí para quem acompanha de lá para 2022, deu para ver muitas tentativas de publicação no Brasil, muitos formatos diferentes. Também vários títulos novos complementando o que saiu nas 75 revistas anteriores, incluindo aí o maravilhoso Overture. E o mais importante: nos 24 anos em que conheço Sandman, já ouvi falar muitas, mas MUITAS vezes de uma possível adaptação. Tanto que quando anunciaram a série pela Netflix, eu só acreditei que realmente iria acontecer quando saiu o primeiro anúncio de nomes do elenco.

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Os melhores filmes de 2021

Janeiro já no fim, mas eu não posso deixar de colocar aqui minha listinha de filmes favoritos de 2021. 2021 foi um ano de reabertura dos cinemas, só que ainda não tenho coragem de ir. Nem de Aura. Fico pensando se vai aparecer um filme que seja o que me faça vencer o medo, mas por enquanto não aconteceu (dei uma respirada mais rápida com o anúncio do show no telhado dos Beatles no Imax, mas já passou).

E é engraçado pensar que boa parte dos meus favoritos de 2021 não são produções atuais. Assim: foi um ano que vi bastante coisa, e gostei de muito do que assisti. Ano de descobertas, de novos nomes para entrar naquela lista para ficar de olho. Mas ao mesmo tempo, que difícil fechar um top10 seguindo a regra do “filmes lançados no Brasil em 2021”.

Foi ano de me encantar duas vezes com a Holly Hunter (Broadcast News e O Piano), me apaixonar pelo Wong Kar-wai (como é que cheguei aos quarenta sem ter assistido In the Mood for Love ou Chungking Express eu não sei, mas ainda bem que corrigi o erro, os dois entraram na lista de favoritos de todos os tempos). Deu para me entupir de comédias românticas de décadas passadas: a Audrey Hepburn com o Peter O’Toole em How to Steal a Milion! O Cary Grant com a Ingrid Bergman em Indiscreet! A Audrey Hepburn com o Cary Grant em Charade! O Cary Grant! *chef’s kiss*

Enfim, bastante coisa diferente. E ficou muita coisa para conferir ainda, filme que eu sei que vou gostar mas não estava no momento certo para ver (tipo os da Marvel, eu não tenho cabeça para filme da Marvel por enquanto, mas tão divertidos os filmes de herói, né.). Então é isso. Para referência, aqui tem a lista de todos os filmes que assisti em 2021 e vão aí os links para as listas dos outros anos:

 20042005200620072008200920102013201420152016201720182019| 2020|

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Melhores Leituras de 2021

Hum. É. Aqui estou. Não estava muito animada para fazer a lista de melhores leituras do ano porque olhando para os livros que separei para o top10, uma parte achei bem boa, mas nem todos são livros que me acompanharão no futuro. Sabe, não daqueles que só de ver a capa em algum lugar ou ler algum comentário já dá aquela sensação de reencontrar um bom amigo? Algo assim.

É meio que um desânimo, não necessariamente sobre o ato de ler, mas dessa conversa que vem depois. Até com o registro que eu sempre fui super metódica acabei deixando passar alguns momentos de obsessão (o outubro dos romances góticos, por exemplo, ou o setembro das comédias românticas).

Mas eu percebi que foi a mesma coisa com os filmes, então acho que talvez seja mais algo sobre onde está minha cabeça no momento e não sobre os livros em si. Talvez por isso mesmo valha o registro, nem que seja para revistá-los em outro momento. Então, mais um ano, mais uma lista. Continue lendo “Melhores Leituras de 2021”