As melhores leituras de 2023

Ano passado eu previ que detestaria a ideia de furar a lista de melhores leituras e exatamente conforme havia previsto, eu realmente xinguei muito meu eu de janeiro de 2023 que achou que seria uma boa ideia transformar meu post de melhores leituras em uma thread de twitter. Pois voltei aqui dia desses e minha mente voou para outro tipo de lista, mas hoje eu prometo que não vou dormir até falar quais foram meus dez livros favoritos de 2023.

Para surpresa de zero pessoas que acompanham minhas leituras através de comentários aleatórios por aí,1 foi mais um ano com mulheres dominando a lista de autores e como sempre digo: não é de propósito, é só que de um tempo para cá o que tem atraído minha atenção. Mas se você acha que precisa colocar mais mulheres nas suas listas de leituras, ficam aí sugestões. Então vamos lá para os melhores, sem uma ordem definida. Continue lendo “As melhores leituras de 2023”


  1. como eu disse há uns tempos, naquele meme de “com qual personagem de série que você se identifica” apesar de responder coisas tipo Princess Carolyn e outras personagens descaralhadas das ideias, mas cool, sou o Dado da Malhação (circa 1995), famoso pelo bordão “bonito isso, né? eu li num livro” 

Sobre a tal lista da FUVEST

Originalmente eu tinha sentado aqui para falar sobre meus dez livros favoritos de (*checa o calendário*) 2023, mas aí eu abri o post constatando novamente que meus livros de 2023 foram na maioria escrito por mulheres (como em quase todos os outros anos desde 2013), resolvi aproveitar o gancho para falar só um pouco sobre a treta dos livros da FUVEST e quando vi, pans, não era mais sobre meus favoritos. Enfim. Vamos de lista de livros de vestibular, outro dia fecho a lista de melhores leituras.

Desde que anunciaram que a lista teria apenas livros escritos por mulheres, disparou o chororô – e o engraçado é que se você notar bem, ele tem um ritmo parecido com o do chororô corporativo de “agora vai contratar só porque é mulher? Não vejo problema em contratar mulher para a equipe, desde que ela seja A MELHOR entre os candidatos”.

E aí te pergunto: quem define quem é melhor? Quais os critérios?

Continue lendo “Sobre a tal lista da FUVEST”

A arte perdida de fazer agenda

Ganhei minha primeira agenda em 1993, era uma de capa dura com uma ilustração fofa do Garfield que logo transformei em diário (talvez o que eu mais evite reler, porque quem é que não tem vergonha da sua própria versão aos 12 anos?). Mas a primeira vez que fiz agenda foi no ano seguinte, depois de ganhar uma do Fido Dido de amigo secreto na escola. Era ainda uma mescla, eu escrevia diário, mas começava ali um hábito que seguiu comigo por muitos anos.

Mesmo na época eu já via o ato de “fazer agenda” como uma espécie de registro do tempo que estava vivendo, para além das coisas que contava no diário – letras de música que ouvia, recortes de gibis que eu lia, propagandas legais de revistas, fotos de ídolos, bilhetes de amigos, convites para festas e, depois de uma certa idade, rótulos de bebidas, propagandas de shows e eventos, camisetinhas feitas com caixa de Marlboro. Reabri-las hoje em dia é como abrir uma cápsula do tempo, muita coisa do que tinha lá não existe mais (cinema por R$2,50, por exemplo). É um pouco codificada, um punhado de coisa sem o menor sentido para quem não viveu o momento, como por exemplo: Continue lendo “A arte perdida de fazer agenda”

Shark Heart (Emily Habeck)

A famosa “lista de livros para ler” é um bicho estranho: não tem um formato fixo, porque você pode passar meses esperando ansiosamente um título ser lançado e quando ele finalmente chega… fuéééém, você descobre que não está no clima para aquele livro.

Por outro lado, alguns que você nem sabia que existiam aparecem do nada e passam na frente de uma série de esperados (ou dos que já estão há tempos no kindle e estante). Foi o que aconteceu comigo quando li a sinopse de Shark Heart, romance de estreia de Emily Habeck (ainda sem tradução no Brasil). Eu nem pensei duas vezes e já fui colocar no kindle e comecei a ler, devorando em pouco tempo.

Shark Heart, que tem como subtítulo “Uma história de amor”, começa com Lewis e Wren se apaixonando e casando. Mais especificamente, abre com um diálogo do pedido de casamento, como se fosse um pedaço de roteiro de teatro mesmo. Note que ao contrário do que se esperaria (o casamento como a coroação, o ponto alto das histórias de amor), aqui ele marca apenas o começo da jornada. Isso porque depois do casamento, Lewis percebe algumas mudanças no corpo e após uma visita ao médico vem o diagnóstico: ele está se transformando em um tubarão branco.

Continue lendo “Shark Heart (Emily Habeck)”

In Memoriam (Alice Winn)

“Nossas meninas estão longe daquiNão temos com quem chorar e nem pra onde irSe lembra quando era só brincadeiraFingir ser soldado a tarde inteira?

(Soldados, Legião Urbana)

In Memoriam de Alice Winn (lançado em março de 2023 e ainda sem tradução no Brasil) começa com uma sequência de recortes de jornais. O primeiro é uma página de um informativo de um internato inglês, publicado no final de junho de 1914. No editorial, Cuthbert-Smith comenta que com o fim do período os mais velhos estão partindo para a glória em Oxford, Cambridge e Sandhurst. “Que nossos futuros sejam tão brilhantes quanto os deles!“, é a última frase do editorial.

O informativo seguinte (de outubro do mesmo ano) já traz uma lista de alunos e ex-alunos mortos em combate ou por causa de ferimentos durante os primeiros meses da Grande Guerra. Entre os mortos, está o editor Cuthbert-Smith. Morto aos 18 anos de idade.

Fora a tristeza e indignação de ler sobre meninos morrendo ainda nos anos iniciais da guerra, os recortes de abertura do romance poderiam ser lidos com o mesmo distanciamento com que lemos as notícias nos jornais atualmente. É um atestado ao talento da Alice Winn que uma releitura dessas mesmas páginas após a conclusão do romance falem tanto, e toquem tão profundamente ao leitor.

Continue lendo “In Memoriam (Alice Winn)”

The Sandman (Netflix)

No qual Anica conta mais uma vez sobre sua história com Sandman, tece comentários sobre a adaptação da Netflix e tenta mais uma vez guiar novos sonhadores.

Começamos no Mundo Desperto

Eu sempre conto a história de como láááá em 1998 eu e meu irmão matávamos aula do cursinho para visitar a Gibiteca, onde líamos Sandman a tarde toda antes de voltar para casa – o retorno sempre com aquela sensação esquisita de estar no limite entre o Sonhar e o Mundo Desperto, depois de tanto tempo lendo.

O que eu nunca contei, e porque eu simplesmente não lembro mais (hahaha), é como foi meu primeiro contato com Sandman. Quem foi que deu o empurrãozinho no meu irmão para fazer a carteirinha na Gibiteca? Nós fomos lá já procurando Sandman? Realmente não consigo mais lembrar. Então no fim das contas, Anica está tendo uma relação com uma HQ. Só uma daquelas coisas. Um encontro casual que se tornou importante para ambas.

E aí para quem acompanha de lá para 2022, deu para ver muitas tentativas de publicação no Brasil, muitos formatos diferentes. Também vários títulos novos complementando o que saiu nas 75 revistas anteriores, incluindo aí o maravilhoso Overture. E o mais importante: nos 24 anos em que conheço Sandman, já ouvi falar muitas, mas MUITAS vezes de uma possível adaptação. Tanto que quando anunciaram a série pela Netflix, eu só acreditei que realmente iria acontecer quando saiu o primeiro anúncio de nomes do elenco.

Continue lendo “The Sandman (Netflix)”

Os melhores filmes de 2021

Janeiro já no fim, mas eu não posso deixar de colocar aqui minha listinha de filmes favoritos de 2021. 2021 foi um ano de reabertura dos cinemas, só que ainda não tenho coragem de ir. Nem de Aura. Fico pensando se vai aparecer um filme que seja o que me faça vencer o medo, mas por enquanto não aconteceu (dei uma respirada mais rápida com o anúncio do show no telhado dos Beatles no Imax, mas já passou).

E é engraçado pensar que boa parte dos meus favoritos de 2021 não são produções atuais. Assim: foi um ano que vi bastante coisa, e gostei de muito do que assisti. Ano de descobertas, de novos nomes para entrar naquela lista para ficar de olho. Mas ao mesmo tempo, que difícil fechar um top10 seguindo a regra do “filmes lançados no Brasil em 2021”.

Foi ano de me encantar duas vezes com a Holly Hunter (Broadcast News e O Piano), me apaixonar pelo Wong Kar-wai (como é que cheguei aos quarenta sem ter assistido In the Mood for Love ou Chungking Express eu não sei, mas ainda bem que corrigi o erro, os dois entraram na lista de favoritos de todos os tempos). Deu para me entupir de comédias românticas de décadas passadas: a Audrey Hepburn com o Peter O’Toole em How to Steal a Milion! O Cary Grant com a Ingrid Bergman em Indiscreet! A Audrey Hepburn com o Cary Grant em Charade! O Cary Grant! *chef’s kiss*

Enfim, bastante coisa diferente. E ficou muita coisa para conferir ainda, filme que eu sei que vou gostar mas não estava no momento certo para ver (tipo os da Marvel, eu não tenho cabeça para filme da Marvel por enquanto, mas tão divertidos os filmes de herói, né.). Então é isso. Para referência, aqui tem a lista de todos os filmes que assisti em 2021 e vão aí os links para as listas dos outros anos:

 20042005200620072008200920102013201420152016201720182019| 2020|

Continue lendo “Os melhores filmes de 2021”

Melhores Leituras de 2021

Hum. É. Aqui estou. Não estava muito animada para fazer a lista de melhores leituras do ano porque olhando para os livros que separei para o top10, uma parte achei bem boa, mas nem todos são livros que me acompanharão no futuro. Sabe, não daqueles que só de ver a capa em algum lugar ou ler algum comentário já dá aquela sensação de reencontrar um bom amigo? Algo assim.

É meio que um desânimo, não necessariamente sobre o ato de ler, mas dessa conversa que vem depois. Até com o registro que eu sempre fui super metódica acabei deixando passar alguns momentos de obsessão (o outubro dos romances góticos, por exemplo, ou o setembro das comédias românticas).

Mas eu percebi que foi a mesma coisa com os filmes, então acho que talvez seja mais algo sobre onde está minha cabeça no momento e não sobre os livros em si. Talvez por isso mesmo valha o registro, nem que seja para revistá-los em outro momento. Então, mais um ano, mais uma lista. Continue lendo “Melhores Leituras de 2021”

Melhores leituras de 2020

É estranho. Passei quase todo o ano passado falando que a pandemia tinha esculhambado minhas leituras, afetado o ritmo, etc e aí fechou o ano, fui ver as contagens lá do Goodreads e meio que bateu com minha média de sempre. Mas eu sei que afetou algumas escolhas de leitura (tendi para leituras mais leves, por exemplo), e tenho total noção que afetou a experiência de leitura também. Tenho certeza que já coloquei esse link do texto do Julián Fuks em vários lugares, mas vou citá-lo mais uma vez porque descreve exatamente meu sentimento enquanto leitora:

(…) me sinto menos capaz de me entregar por completo à leitura, de deixar que ela tome a minha mente inteira. O momento que vivemos é estridente demais, a cada instante convoca os meus pensamentos. Sinto falta, então, de uma literatura plena – e sinto falta de um passado e de um futuro que se deixem ler sem a lente do presente.

No fim das contas não é tanto sobre a quantidade de páginas ou de livros lidos, é mais como estava minha cabeça quando foram lidos. E por causa disso, fica aquela promessa de revisitar em outro momento alguns títulos, mesmo os que não apareceram entre os dez favoritos. E é isso. Então toca o play para a trilha sonora do post e vamos para a lista de 2020, que ficou assim (lembrando, títulos com link é porque já falei do livro aqui):

Continue lendo “Melhores leituras de 2020”

Os melhores filmes de 2020

Mais de uma vez em 2020 eu pensei: “Putz, que saudades de ir ao cinema.”. E tenho saudades mesmo. Mas dia desses me dei conta que não é mais um dos problemas gerados pelo covid: o cinema do qual sinto falta não existe há anos, pelo menos aqui em Curitiba.

Se você quer qualquer coisa fora do universo cinemático da Marvel (e sem reclamações, eu gosto dos filmes da Marvel, mas também gosto de outros filmes), já precisa se contentar com poucas salas e poucas opções de horário. Aí tem o problema do número de salas com áudio original. E quando as estrelas se alinham e você finalmente consegue uma sala no horário que poderia ir, com áudio original (e sem 3D), ainda tem que lidar com os malas que foram ao cinema para, sei lá, ficar olhando para a tela do celular. Enfim. Eu poderia botar essa na conta do covid, mas não vou.

Também não vou fazer o jogo do contente porque não tem lado bom para uma pandemia que nesse momento se aproxima da casa dos 200.000 mortos só aqui no Brasil. Mas observando as coisas como são (ou ainda, como foram), chamou minha atenção que o número menor de lançamentos nos cinemas acabou com um certo tipo de angústia de estar em dia, aquela coisa de “tenho que ver o que é essa coisa que tá todo mundo comentando”. É uma angústia besta, mas se você também deu uma respirada aliviada porque não teve que ver tooooodos os filmes, deve entender do que estou falando. E aí sobra mais tempo para outras coisas, para ver aqueles que há tempos queria, mas nunca tinha assistido – e alguns foram tão legais que dá até vontade de fazer uma lista fora das regras das listas aqui.

Revi Entrevista com o Vampiro, Da Magia a Sedução (melhor filme de bruxa) e Monty Python em Busca do Cálice Sagrado, finalmente vi Perfect Blue, A Época da Inocência, The Philadelphia Story, O Serviço de Entregas da Kiki (a coisa mais fofa e mais feel good que assisti nesse ano lazarento), Paris When it Sizzles, Dente Canino. Deu para ver uma penca de comédia romântica, incluindo uns com a Sandra Bullock do começo do século que eu acabei perdendo. Assisti dois Guy Ritchies no mesmo ano, caraca. Enfim, a última vez que vi tanto filme eu ainda não tinha filhos, não trabalhava e morava com minha mãe.

E dos mais recentes, não faltou coisa nova para ver, só faltou os mega-super-filmes-do-ano, que resolveram segurar para ver qual é. Eu ainda estou curiosíssima sobre Promising Young Woman e The Green Knight. O primeiro parece que saiu da gaveta lá fora (andou ganhando um monte de prêmios), o segundo continua engavetado, de repente em 2021 ele aparece. Nem que seja direto em serviços de streaming, como aconteceu agora no fim do ano com o Wonder Woman 1984.

Então é isso. Só para referência, ficam as listas dos outros anos: 2004| 2005| 2006| 2007| 2008| 2009| 2010| 2013| 2014| 2015| 2016| 2017| 2018| 2019| Fechando naquelas regras de sempre, lançamento nacional (streaming, cinemas, etc.) e qualquer outra chunchada aleatória para servir na lista, o top10 do ano na minha opinião ficou assim:

Continue lendo “Os melhores filmes de 2020”